Qualificação dos fornecedores de leite: você sabe a importância disso?

Postado em: 20/01/2021 | 6 min de leitura Escrito por:
 A cadeia produtiva do leite vem buscando superar barreiras para melhorar sua produtividade e qualidade. Muitas vezes tendemos a ver a situação de forma apenas por um ângulo, hora achando que a responsabilidade é da indústria, hora que é do produtor e hora que depende totalmente do mercado. Porém, a realidade é que se trata de uma cadeia e todos os envolvidos são responsáveis pela melhoria da qualidade do leite e da produtividade do setor.

Utilizando uma metáfora, é como se produtores e indústrias estivessem navegando no mesmo barco, que, por sua vez, navega sobre o rio que é o mercado. Esse barco atualmente conta com diversos furos e são esses que precisam ser consertados. É essencial que se tenha em mente que indústria e produtores estão no mesmo barco. Produtores e indústria precisam agir juntos para alcançar os objetivos e atender às demandas do consumidor.

Os laticínios possuem diversos gargalos que precisam ser superados, como por exemplo, o rendimento total da produção de laticínios devido à baixa qualidade da matéria-prima. Produtos lácteos de alta qualidade são produzidos a partir de leite cru de boa qualidade e a qualidade do leite inclui características como segurança (livre de organismos patogênicos e outros contaminantes que causam risco à saúde), pureza (livre de qualquer matéria estranha), propriedades sensoriais (livre de odor, sabor, cor incomuns), composição química (teor normal de nutrientes e componentes menores) e propriedades físicas (estrutura, viscosidade, densidade, tamanho dos glóbulos de gordura).

Desta forma, conhecer qual o real custo para a indústria da baixa qualidade do leite é essencial. Mudanças na qualidade do leite podem gerar diferenças significativas nos resultados das indústrias.

Além disso, os laticínios enfrentam cada vez mais a necessidade de inovação e lançamento de produtos diferenciados. O mercado demanda isso cada vez mais. Outro fator que impacta nos resultados dos laticínios é a grande ociosidade do parque industrial, o que acaba gerando uma concorrência por fornecedores de leite. Isso desestimula a busca por melhoria na qualidade do leite, já que, muitas vezes, as indústrias precisam de um volume de leite que nem sempre é fácil de obter.

Como estão todos no mesmo barco, a indústria precisa assumir cada vez mais o papel de levar junto com ela em sua busca por crescimento seus fornecedores de leite.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vem atuando junto ao setor leiteiro para impulsionar e incentivar a melhoria da qualidade do leite no Brasil. Para isso, lançou O Programa Mais Leite Saudável em outubro de 2015 e o Plano de Qualificação de Fornecedores de Leite em 2018, através da Instrução Normativa 77.

Programa Mais Leite Saudável

O Programa Mais Leite Saudável (PMLS) permite que agroindústrias, laticínios e cooperativas de leite participantes utilizem créditos presumidos do PIS/Pasep e da Cofins, da compra do leite in natura utilizado como insumo de seus produtos lácteos, em até 50% do valor a que tem direito.

O valor desses créditos poderá ser utilizado pela empresa para compensação de tributos federais, ou para ressarcimento em dinheiro.

Para participar, e ter acesso aos benefícios, o laticínio ou cooperativa deverá, como contrapartida, executar um projeto que promova o desenvolvimento de seus produtores de leite. O valor do projeto deve ser de no mínimo 5% do valor dos créditos a que a empresa tem direito.

Ou seja, o programa estimula diretamente que as indústrias trabalhem junto a seus fornecedores de leite para os ajudar a se desenvolver, visando a melhoria da qualidade do leite, entre outras coisas. Essa é a condição para que se obtenha o crédito.

O projeto tem que ser aprovado pelo Ministério da Agricultura, que é quem faz o acompanhamento a campo.

Em cinco anos de existência o PMLS já permitiu que mais de 75 mil famílias de produtores de leite fossem beneficiadas com os projetos, inclusive assistência técnica, o que tem resultado em melhoria na produtividade e qualidade do leite, bem como na rentabilidade do produtor.

Uma novidade do programa é que agora, o pedido de habilitação de laticínios e cooperativas de leite pode ser realizado de forma online. Implantado no primeiro semestre de 2020, o novo sistema vem imprimindo agilidade nos processos de avaliação de projetos apresentados pelas empresas. A operação agora é feita exclusivamente de forma online através do Portal de Serviços do governo federal (https://www.gov.br/pt-br).

O Programa Mais Leite Saudável passou a ser estratégico do MAPA, com meta de 150 mil produtores a serem atendidos até 2035. A Coordenação de Boas Práticas e Bem-Estar Animal (CBPA), da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação, responsável pela gestão do programa, trabalha para viabilizar essa meta, apostando que haverá muito espaço para crescimento.

Uma das ferramentas para sua expansão é o Plano de Qualificação de Fornecedores de Leite (PQFL).

PQFL

Outra ferramenta incorporada pelo governo brasileiro visando a melhoria contínua da qualidade do leite através justamente da liderança da indústria é o PQFL. Neste caso, trata-se de uma legislação que passou a exigir dos laticínios que assumissem esta liderança no processo de melhoria.

O PQFL é uma ferramenta de controle que deve ser elaborada pela empresa ou cooperativa visando qualificar os fornecedores de leite para que a matéria-prima se torne cada vez melhor. Nele é definida a política do laticínio em relação aos seus fornecedores de leite, devendo-se contemplar a assistência técnica e gerencial, bem como a capacitação de todos os produtores, com foco na gestão da propriedade e implementação das boas práticas agropecuárias.

A obrigatoriedade de qualificação de seus fornecedores será uma grande oportunidade de os laticínios melhorarem a produtividade e o rendimento de seus processos e produtos, uma vez que terão matérias-primas de melhor qualidade, e menor descontinuidade de fornecimento, além de estimular uma pecuária mais profissional por parte dos produtores rurais, o que resultará em melhoria da produtividade, qualidade e, consequentemente, da competitividade na cadeia leiteira nacional.

A ideia central do PQFL é consolidar uma matriz robusta de mitigação dos riscos relacionados à qualidade do leite e não uma melhoria nesta qualidade pontual e temporária. O objetivo é que a indústria e os fornecedores de leite construam gradativamente através de melhorias contínuas uma estrutura de produção que leve necessariamente à produção de leite de qualidade, ou seja, que sejam feitas melhorias e correções na base. Com essa consolidação, o leite de alta qualidade deve passar a ser a norma.

E os produtores ganham o que?

Ambos os programas que estimulam que a indústria capacite e qualifique os fornecedores de leite trazem benefícios aos produtores também. Isso porque os produtores também possuem seus próprios gargalos, muitos deles relacionados às dificuldades de gestão financeira da sua fazenda, como falta de capital de giro, falta de registro de dados, falta de capacidade de investimentos, dificuldade na compra de insumos, falta de planejamento, entre outros. Desta forma, a qualificação dos fornecedores traz muitos benefícios aos produtores em termos de gestão, tanto técnica como administrativa.

Além disso, o mercado remunera melhor leite com qualidade mais alta, com maior teor de Proteína e Gordura, de forma que os produtores podem ter aumento de receita ao obterem treinamento e qualificação.

No entanto, é extremamente necessário que o processo seja de sinergia e que os produtores de leite entendam os objetivos e os benefícios dos programas. Por isso, indústria e fornecedores precisam agir como um time buscando sempre levar o barco para frente. Muitas vezes, o produtor não se sentirá estimulado a promover as mudanças necessárias apenas com base em uma tabela de resultados almejados, sendo importante que a indústria reconheça e recompense todos os passos dados e as mudanças feitas durante todo o processo.

Isso sendo feito de forma sistemática, contínua e levando em consideração todos os lados da questão certamente traz resultados ganha-ganha-ganha, ou seja, ganham indústria, produtores de leite e consumidores, que terão produtos de maior qualidade e com maior diversidade.

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