4 doenças metabólicas de origem alimentar que podem ocorrer em cordeiros confinados

Postado em: 05/10/2021 | 4 min de leitura Escrito por:
O confinamento de cordeiros pode ser uma atividade bastante lucrativa. Cordeiros em sistema intensivo de criação podem atingir o peso de abate precocemente ao redor dos 120-150 dias, pois têm ganho de peso elevado e excelente conversão alimentar. As dietas são de alta energia, com grande proporção de alimento concentrado (grãos de cereais e seus coprodutos e farelos proteicos (farelo de soja, de algodão. etc.) e pequena proporção de alimento fibroso (volumosos) como feno, casca de algodão, palhas, silagem e forrageiras verdes picadas. 
 
Porém, o manejo alimentar precisa ser feito de forma correta, a fim não somente de alcançar o máximo desempenho dos animais, mas também, evitar a ocorrência de doenças metabólicas de origem alimentar que podem ocorrer em cordeiros confinados. 
 
Confira abaixo 4 dessas principais doenças:
 
1) Cálculo urinário ou urolitíase obstrutiva 
 
A enfermidade é causada pela ingestão excessiva de fósforo ou ingestão de dietas com baixa relação cálcio:fósforo e/ou baixa ingestão de alimentos volumosos e água. É uma doença relativamente comum em cordeiros confinados e que recebem grande quantidade de milho e farelos ricos em P e pouca fibra). 
 
A ingestão excessiva de fósforo, devido aos ingredientes ricos neste elemento (milho, arroz, trigo e farelo de trigo, arroz, etc.) é o fator principal deste problema. Sendo assim, o balanceamento adequado (% fibra e relação Ca:P) é essencial para evitar-se esta enfermidade. Também recomenda-se não deixar à disposição dos animais sal mineral (fonte de P), somente sal branco. Manter a relação cálcio: fósforo entre ao redor de 2:1 é necessário para melhor utilização destes elementos minerais. 
 
Lembre-se que a maioria dos ingredientes concentrados (cereais e seus resíduos) utilizados têm elevado teor de fósforo e baixo de cálcio, sendo necessário, na maioria das vezes suplementar somente com cálcio.
 
O problema é agravado pela pequena ingestão de alimento volumoso, pois alimentos ricos em fibra estimulam a ruminação e salivação, que está ligada ao processo de excreção de fósforo. Rações peletizadas agravam o problema. A restrição na ingestão de água, por aumentar a concentração de sais na urina, pode predispor à urolitíase. Sendo assim, é necessário estimular a ingestão de água e aumento da ingestão de sódio. 
 
Para prevenir a doença, recomenda-se a utilização de cloreto de amônio (0,5 % da dieta total) para acidificar a urina e diminuir a formação de cálculos em dietas de baixa fibra e alto fósforo. Cloreto de cálcio, sulfato de cálcio e sulfato de amônio também podem ser utilizados para este fim, mas são menos eficientes. O aumento do volume urinário pode ser auxiliar na prevenção dos cálculos, através do aumento da ingestão de sal branco (0,5-1% da dieta).
 
2) Acidose
 
O rúmen tem pH próximo à neutralidade; a fermentação do amido produz ácido lático que abaixa o pH do rúmen e leva ao desconforto do animal, com afastamento do cocho (cessação da ingestão de alimentos), prostração e fezes pastosas. Além disso, pode causar danos à parede ruminal. 
 
Sendo assim, é essencial manter o nível mínimo de fibra (FDN) ao redor de 20% para estimular a ruminação e a salivação. 
 
Para prevenir a acidose, recomenda-se utilizar tamponante na concentração de 0,5% da MS da dieta. Pode-se utilizar o bicarbonato de sódio ou a mistura de 2:1 de bicarbonato de sódio e óxido de magnésio.
 
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3) Intoxicação por cobre
 
Os cordeiros apresentam grande sensibilidade a dietas com teor elevado de cobre, o que pode levar à intoxicação cúprica, que caracteriza-se por danos ao fígado e aos rins, com comprometimento da função hepática, além da destruição de hemácias, com sintomas clínicos de hematúria e icterícia, o que pode levar a óbito. 
 
A exigência nutricional deste elemento está ao redor de 10 ppm na matéria seca total ingerida e dietas com mais de 15 ppm podem induzir à intoxicação, principalmente quando o teor de molibdênio estiver abaixo de 0,6 ppm e o enxofre menor que 0,15% da  dieta, pois estes elementos são antagônicos ao cobre. Dietas com teor elevado de Cu devem ser suplementadas com molibdênio para evitar problemas de intoxicação. 
 
O uso de rações concentradas e mistura mineral de outras espécies (suíno, bovino, aves) pode levar à intoxicação devido ao teor excessivo desse elemento. 
 
Deve haver a preocupação com o teor de cobre dos subprodutos utilizados na dieta para evitar o excesso de ingestão desse elemento. 
 
4) Poliencefalomalácia 
 
É uma doença que afeta principalmente animais confinados e em dietas ricas em concentrado, conhecida também como Necrose Cérebro-cortical, e causa sintomas nervosos devido à deficiência de tiamina. 
 
Os sintomas clínicos são: cegueira progressiva, desorientação, caminhar em círculos, espasmos com a cabeça estendida e voltada para cima. A origem do problema parece estar ligada a produção no rúmen de tiaminases que destroem a vitamina presente nos alimentos e ou sintetizada pelo rúmen e causa sintomas de deficiência. 
 
Excesso de concentrado pode causar destruição de tiamina. Alguma substância que os animais receberam podem desencadear a enfermidade (vermífugos, sulfas).
 
A comprovação do problema e sua cura podem ser conseguidas pela administração injetável de 200-500mg de tiamina (NRC 1985). 
 
* Baseado no artigo Alimentação de cordeiros em confinamento para abate precoce, Mauro Sartori Bueno - Zootecnista Pesquisador do Instituto de Zootecnia-APTA-SAA-SP.
 
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