Altura de entrada e saída de pastejo no desempenho animal

Postado em: 07/01/2020 | 5 min de leitura Escrito por:
A altura do pasto tem sido utilizada para nortear o manejo de pastagens como forma prática, de baixo custo e eficiente, onde o ajuste correto entre a altura de entrada e saída de animais em pastagem é fundamental para a eficiência produtiva do sistema como um todo.
 
A literatura científica já dispõe dos valores das alturas de entrada e saída das mais utilizadas nos sistemas de lotação rotacionada.

 
A altura de entrada recomendada para o pastejo é embasada no ponto em que a planta se encontra com a maior participação de folhas, poucos talos e pouco material morto.
 
Quando a planta começa a crescer partindo do solo, ela acumula principalmente folhas, chegando a um ponto em que o acúmulo de folhas é máximo. Desse ponto em diante, a planta começa a acumular talos e as folhas da base começam a morrer, esse é o ciclo da vida da planta. 
 
No que diz respeito ao gado, as pesquisas mostram que, ao observar o comportamento dos animais em pastagens com essas alturas de entrada, ocorre o maior consumo de pasto. Daí surgem esses número ideais. Isso porque, nesse ponto, a altura de entrada é altamente correlacionada com a estrutura do pasto que é essencialmente ligada à quantidade de folhas.
 
Já se sabe que entender e conhecer as preferências do rebanho é extremamente importante para qualquer pecuarista. No quesito pastagem, para o rebanho, a qualidade do pasto é correlacionada com a quantidade de folhas. Já se sabe que o que o animal prefere comer no pasto são as folhas. Dessa forma, é necessário saber a disponibilidade das folhas no pasto para entender a facilidade com que o animal tem de consumi-las. 
 
Para garantir um bom consumo,é necessário relacionar a altura do pasto com a estrutura do pasto, que é a distribuição espacial das folhas em determinado pasto, ou seja, a relação que se estabelece entre folha, colmo e material morto. 
 
Isso acontece porque no início do crescimento do capim, quando ele cresce rente ao solo, a estrutura do pasto é 100% correlacionada com as alturas de entrada recomendadas pelas pesquisas. Quando o pasto passa do ponto, ocorre a  formação de uma estrutura de pasto desfavorável, caracterizada por maiores acúmulos de colmo e de material senescente da base das plantas.
 
Com o avançar dos ciclos de pastejo, o capim eleva o seu resíduo, o que pode promover pastos com alturas iguais e com estruturas diferentes. Assim, com o tempo, podemos ter dois pastos na mesma altura, porém com estruturas completamente diferentes. 
 
Dessa forma, a recomendação é sempre colocar os animais nos pastos onde tem a maior quantidade de folhas. Isso porque os animais, quando podem escolher, comem apenas a parte mais nutritiva das plantas (as folhas), rejeitando os materiais senescentes e os mais duros, como os colmos.
 
A estrutura da pastagem também é importante na saída dos animais do pasto. Isso acontece porque a quantidade de folhas que sobra após o pastejo assume grande importância para aumentar o vigor da rebrotação devido à produção imediata de nutrientes para a planta por meio da fotossíntese.
 
As folhas que ficam no resíduo proporcionam à planta uma menor dependência dos nutrientes do solo para a sua recuperação. Afinal, a planta acumula naturalmente reservas de nutrientes na base do colmo e nas raízes, onde estes são usados no início da rebrotação.
 
De modo geral, logo que a planta inicia a rebrotação e há aumento do número de folhas, as reservas não atuam mais como energia para rebrotação e passam novamente a ser acumuladas.
 
Por isso o efeito dessas reservas pode, em parte, ser compensado por uma boa quantidade de folhas restantes após o pastejo, resultante de pastejos menos drásticos que possibilitarão o reinício do crescimento da pastagem.
 
A participação de folhas no resíduo é um atributo estreitamente relacionado com o manejo da pastagem e com a capacidade potencial de rebrotação da forrageira.
 
Quando o pastejo é mais intenso, a planta gasta as suas reservas e precisa mais das raízes para a rebrotação, o que exigirá nutrientes do solo. Dependendo da fertilidade do solo, a adubação será necessária para manter o sistema produtivo
 
Comportamento do animal
 
Com relação ao animal, que é o ponto mais importante, à medida que o pasto vai sendo rebaixado, pior fica em termos de quantidade e qualidade.
 
No primeiro momento que o animal entra em uma pastagem com boa estrutura, ele consegue facilmente encher a boca. À medida que o pasto é rebaixado, o animal precisar aumentar o número de bocados para encher a boca até que chega a um ponto que o animal não consegue compensar.
 
Além disso, à medida que o animal rebaixa o pasto, a proporção de folhas diminui e a tendência é o animal encontrar e ingerir colmos, o que piora a sua dieta e vontade de consumir no pasto.
 
Em pesquisas recentes realizadas pelo professor Paulo César Faccio de Carvalho e sua equipe, a recomendação de saída dos animais em pastagem visando o melhor consumo pelos animais é com relação à proporção de desfolha.
 
As pesquisas mostraram que os bovinos, em condições naturais, removem no máximo metade da forragem disponível por horizonte de pastejo. Ou seja, comem camadas sucessivas de forragem, sempre na proporção de 40% a 50% da altura de entrada.
 
Com base nas recomendações de altura de entrada e saída, sejam estas últimas como um valor fixo ou em proporção de desfolha, o bom senso é fundamental para o manejo adequado do pastejo rotacionado.
 
Obviamente que entrar e sair com os animais no pasto com a altura recomendada é uma boa prática, mas não se deve ter altura como regra em situações em que a estrutura do pasto não é favorável ao consumo máximo pelos animais.
 
O manejo ideal do pasto é particular de cada fazenda e depende de diversos fatores, de forma que é necessário utilizar informações técnicas e bom senso na tomada de decisões.
 
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* Baseado no artigo do zootecnista Pedro Michel, 2 Pontos Críticos que vão mudar sua visão sobre Pastejo Rotacionado.
 
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Fonte consultada: 
 
2 Pontos Críticos que vão mudar sua visão sobre Pastejo Rotacionado, artigo de Pedro Michel, Zootecnista, mestre e doutor em nutrição animal pela UFMG, consultor de sucesso do cliente PRODAP no norte do Mato Grosso (https://prodap.com.br/pt/blog/sucesso-de-manejo-do-pastejo-rotacionado)

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