Diferimento de pastagem: 5 perguntas importantes respondidas!

Postado em: 30/11/2021 | 6 min de leitura Escrito por:
A estacionalidade de produção das plantas forrageiras é um fato já bem conhecido por técnicos e produtores, e representa um dos principais entraves ao aumento da taxa de lotação animal em pastagens ao longo do ano. As alternativas para contornar este problema dependem de decisões que devem ser tomadas ainda durante a estação de crescimento.

O planejamento forrageiro é uma importante estratégia para diminuir a escassez de alimento dos rebanhos ao longo do ano através da oferta diversificada de pasto e forragens conservadas.
 
O diferimento do uso de pastagem é uma das técnicas disponíveis para aumentar as taxas de lotação na época seca, garantindo, pelo menos, a manutenção do peso dos animais. Essa técnica consiste em vedar uma determinada área de pastagem no final da estação de crescimento, possibilitando, dessa maneira, que a forragem acumulada seja utilizada durante a entressafra.
 
Esta técnica requer especial atenção do pecuarista em sua adoção, devido ao longo período de rebrota a qual a planta forrageira é submetida, atentando para o ponto ideal de utilização, visto que o grande acúmulo de massa pode levar ao tombamento da planta devido sua altura, dificultando a desfolha e, consequentemente, baixo aproveitamento do material acumulado.

Confira no vídeo abaixo o professor, Manoel Eduardo Rozalino, falando sobre o tema:


 
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Quer saber mais? Confira abaixo 5 perguntas e respostas de dúvidas comuns sobre o diferimento de pastagem:
 
1) Qual a melhor época para que o pasto seja vedado?
 
Se a área for reservada muito cedo, o valor nutritivo da forragem no momento da utilização será baixo e os riscos de perdas antes e durante o pastejo serão mais elevados. Por outro lado, um período de vedação muito curto poderá determinar pouco acúmulo de forragem.
 
A baixa temperatura e déficit hídrico são os principais fatores determinantes do menor crescimento das plantas forrageiras durante a entressafra. Dessa forma, essas variáveis devem ser consideradas para definir a época de vedação de pastagens em determinada região.
 
A amplitude térmica anual é relativamente uniforme ao longo dos anos. A definição da época de vedação, no entanto, também deve levar em consideração a disponibilidade de água no solo que depende de características do solo, da planta e do clima. Dentre as variáveis climáticas, em áreas de sequeiro, a precipitação pluvial é a que mais interfere na disponibilidade de água para o crescimento vegetal. Esse fator, portanto, poderia ser utilizado como parâmetro para determinar quando o pasto deve ser diferido.
 
Informações práticas têm mostrado que, para garantir o acúmulo adequado de forragem, a precipitação deve ser de no mínimo 100 mm durante o período de diferimento de 90 dias.
 
Além das condições climáticas, a planta forrageira que será diferida influencia a época da vedação. A fertilidade do solo e a dosagem de nitrogênio aplicado à área diferida também devem ser levadas em consideração. Enfim, são grandes as variáveis que definem a correta data do diferimento. Desse modo, o escalonamento em duas ou três etapas de diferimento e de uso da área vedada parecem ser a melhor estratégia para esse tipo de manejo.
 
2) Como calcular a área de pastagens para uso diferido?
 
O cálculo da área de pastagens para uso diferido pode ser feito por meio de sistemas de equações. Considere, por exemplo, uma propriedade de 1.000 ha, com taxa de lotação média no verão de 1,2 UA/ha e no inverno de 1,25 UA/ha. Neste exemplo, o período de maior limitação na quantidade de forragem disponível é o inverno e, portanto, os cálculos devem ser iniciados por esta época. O primeiro passo é definir o sistema de equações:
 
Equação 1. Considerando-se X com a área de pastagens não adubadas e Y como a área de pastagens para uso diferido e que a soma das duas áreas deve ser igual à área total da propriedade (1.000 ha), tem-se que:
 
X ha + Y ha = 1.000 ha
 
Equação 2. Considerando a necessidade de se alimentar 1,25 UA/ha em 1.000 ha durante o inverno e que a taxa de lotação média da área não-adubada no inverno é de 1,0 UA/ha e da área para uso diferido é de 2,5 UA/ha, tem-se que:
 
(1,0 UA/ha * X ha) + (2,5 UA/ha * Y ha) = 1,25 UA/ha x 1.000 ha
 
Simplificando a equação 2, tem-se:
 
1,0X + 2,5Y = 1.250
 
Em seguida, é preciso resolver o sistema com as duas equações:
 
X + Y = 1.000 X = 1.000 - Y
1,0X + 2,5Y = 1.250
 
Substituindo X na equação 2, tem-se:
 
1,0 * (1.000 - Y) + 2,5Y = 1.250
1.000 - Y + 2,5 Y = 1.250
1,5 Y = 250
Y = 166,7 (área de pasto para uso diferido)
 
Substituindo o valor de Y na equação 1, tem-se:
 
X + 166,7 = 1.000
X = 833,3 ha (área de pasto para uso no verão)
 
Por fim, é preciso verificar se a área de pastagem disponível é suficiente para alimentar os animais no verão. Para isso, basta fazer o cálculo do número de animais que poderá ser mantido na propriedade considerando-se a taxa de lotação média para as áreas de uso diferido e para as áreas não-adubadas durante o verão:
 
(833,3 ha X 1,0 UA/ha) + (166,7 ha X 0,5 UA/ha) = 916,6 UA/ha
 
Como durante o verão será necessário alimentar o equivalente a 1.200 UA (1,2 UA/ha em 1.000 ha), verifica-se que haverá restrição de forragem neste período. Uma alternativa para contornar este problema é adubar uma parte dos pasto, aumentando, assim, sua taxa de lotação durante o verão. O cálculo da área a ser adubada pode ser feito seguindo-se o mesmo raciocínio descrito para as áreas destinadas ao uso diferido.
 
Com o auxílio de planilhas eletrônicas, o mesmo raciocínio adotado nos cálculos acima pode ser utilizado para planejamentos mais complexos, envolvendo mais de dois setores de produção de forragem e detalhando melhor as épocas do ano.
 
3) Quais espécies de forrageiras são mais indicadas para diferimento?
 
As espécies do gênero Brachiaria e Cynodon são as mais indicadas para o diferimento devido ao hábito crescimento prostrado, pelo fato de acumularem maior quantidade de folha em relação ao colmo. Por outro lado espécies de crescimento cespitoso (e.g. Panicum e Penissetum) apresentam perda mais rápida do valor nutritivo, devido a maior quantidade e proporção de colmo, afetando o consumo de forragem pelos animais e, consequentemente o desempenho.
 
4) Como o manejo da área influencia no resultado do diferimento de pastagem?
 
O manejo da área, antes do diferimento, influencia significativamente no valor nutricional da forragem no período de acesso dos animais. Áreas manejadas com maior altura de resíduo pós-pastejo ou sub-pastejo tendem a apresentar maior quantidade de colmo e menor valor nutritivo. Uma estratégia para evitar esse problema é a realização de pastejo intenso imediatamente antes do início do diferimento da pastagem, com o objetivo de alterar a estrutura do pasto, removendo folhas velhas e de baixa qualidade, favorecendo a rebrotação subsequente e o valor nutritivo.
 
5) Qual a categoria animal mais indicada para ser utilizada nessas áreas?
 
A categoria animal a ser utilizada nessas áreas precisa ser bem definida, pois a questão mais limitante é o fator qualitativo, em que as categorias mais indicadas são as de menor exigência nutricional, não comprometendo o desempenho de animais mais exigentes nutricionalmente.

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