O que compensa mais: recuperar, renovar ou reformar pastagens degradadas?

Postado em: 25/01/2022 | 4 min de leitura Escrito por:
Dono do 2º maior rebanho bovino do mundo, com cerca de 215 milhões de cabeças, o Brasil tem um grande diferencial: a grande maioria dos animais é alimentada a pasto. Porém, o nível de degradação das pastagens preocupa. Estima-se que metade dos 173 milhões de hectares de pasto, apresente algum estágio de degradação.
 
De acordo com a zootecnista e instrutora credenciada do Senar-MT, Mariane Ferro, um dos motivos para este índice elevado, é que grande parte das pastagens brasileiras estão distribuídas em áreas marginais, onde normalmente o solo é menos fértil.
 
Um erro muito comum entre os pecuaristas é o baixo uso de insumos. Segundo a instrutora, muitas vezes é feita a implantação da pastagem sem que a seja realizada a manutenção dessas áreas, o que compromete os índices de produtividade. A baixa utilização de sistemas rotacionados e os erros no manejo do pasto também são fatores que tornam a pecuária bovina menos eficiente.
 
As baixas taxas de lotação também contribuem para a menor produtividade. Isso ocorre justamente devido à degradação das pastagens, que acabam acarretando essas baixas taxas de lotação. Somam-se a tudo isso, erros no manejo das pastagens.
 
A degradação das pastagens é definida como “um processo evolutivo da perda do vigor, de produtividade, da capacidade de recuperação natural das pastagens para sustentar os níveis de produção e a qualidade exigida pelos animais, bem como o de superar os efeitos nocivos das pragas, doenças e invasoras, culminando com a degradação avançada dos recursos naturais em razão de manejos inadequados.” (Macedo e Zimmer, 1993).

Etapas da degradação de pastagens



Fonte: Macedo, 1999.
 
Se o produtor implantou a pastagem de forma correta, ou seja, fez correção da fertilidade do solo, correção de pH, colocação adequada de sementes, etc, entra na fase de manutenção. Após isso, é provável que a pastagem precise de aplicação de fertilizantes em determinados períodos, pois, conforme ela cresce, extrai nutrientes do solo, principalmente nitrogênio e fósforo. Se não fizer a manutenção, pode-se exaurir esses nutrientes chegando ao primeiro estágio, de perda de vigor e produtividade. Com a redução da produção do pasto, há queda na taxa de lotação.
 
Também pode ocorrer do produtor manter muitos animais na área, mesmo que  essa não suporte, fazendo o super-pastejo. Isso levará ao desenvolvimento de plantas invasoras, aumentando ainda mais a degradação. Também leva a um processo de compactação, seguido pela erosão, que já é um estágio bem difícil de recuperar.
 
O pecuarista, então, precisa fazer uma gestão e ter um controle dos seus dados. A partir do momento que percebe uma redução na taxa de lotação, já é um sinal de que tem algo acontecendo na pastagem. Quanto antes ele agir para reverter esse processo, menor será seu custo.
 
Recuperar, renovar ou reformar?
 
Existem diferenças entre esses três termos:
 
Recuperação: consiste na aplicação de práticas culturais e/ou agronômicas, visando o restabelecimento da cobertura do solo e do vigor das plantas forrageiras existentes na pastagem, ou seja, mantém-se a espécie forrageira.
 
Renovação: é considerada como o restabelecimento de plantas forrageiras em uma área onde não é possível práticas a recuperação da vegetação existente. Dessa forma, a área degradada é utilizada para formação de uma nova pastagem, ou seja, há troca da espécie forrageira.
 
Reformar: são correções ou reparos após o estabelecimento da pastagem.

=> Se quiser aprender mais sobre este tema, acesse o curso Manejo de pastagens. O curso pode ser adquirido individualmente ou você pode optar por assinar a plataforma EducaPoint, tendo acesso a todos os cursos disponíveis (mais de 240!) por um preço único. Clique aqui para assinar.
 
Para fazer o diagnóstico da área, deve-se levar alguns pontos em consideração:
 
- Avaliação da participação forrageira, ou seja, qual a porcentagem da vegetação da área que é de fato forrageira e qual é de plantas invasoras;
- Avaliação da cobertura do solo;
- Avaliação da quantidade de forragem (toneladas por hectare);
- Avaliação do nível da erosão do solo.
 
Após isso, produtor deve começar a identificar os níveis de degradação presentes no pasto.

 



Métodos de recuperação:
 
O método direto consiste em trabalhar somente seu pasto já implantado. O método indireto consiste na utilizacao de culturas anuais (milheto, milho, sorgo, arroz) ou lavoura (soja, milho). Com isso, há melhora no solo e é possível obter dinheiro com a venda dessas culturas.
 
Métodos de renovação:
 
Na renovação direta, é necessário entrar com tratamento químico e mecânico, pois entende-se que não há mais solução para essa área. Deve-se ter cuidado na escolha da espécie forrageira a ser utilizada. Já no método indireto, também pode-se utilizar os sistemas integrados, com culturas anuais ou lavoura.
 
Mesmo em estádios avançados de degradação, a recuperação será sempre mais desejável que a renovação. O melhor mesmo é recuperar nos estágios iniciais de degradação, fase em que o processo é mais fácil, envolverá menores custos, tempo e riscos. Ou seja, quanto antes a recuperação for feita, melhor.
 
Recuperando a pastagem antes da sua degradação total, o pecuarista evitará dois problemas: os altos custos da operação de renovação e também a necessidade de esvaziar totalmente as pastagens, já que a renovação implica fechamento total da antiga pastagem por mais tempo, o que significa perda de receitas que poderiam advir do manejo dos animais que ali poderiam estar, mesmo que em menor número.
 
Para decidir se irá reformar ou recuperar o pasto, o pecuarista deve se basear tanto em informações técnicas quanto na análise econômica do processo como um todo. Essa análise deve ser feita sempre que se for começar a trabalhar em uma nova área, pois tanto o preço dos insumos quanto as condições dos pastos (nível de infestação e tipo de planta daninha) podem ser alterados.
 
Como fica claro, o manejo das pastagens é essencial para o sucesso da pecuária a pasto. 

Mais informações: 
contato@educapoint.com.br
Telefone: (19) 3432-2199
WhatsApp (19) 99817- 4082 
 
Acesse os conteúdos relacionados a esse post:

Gostou do assunto? Assine o EducaPoint, a plataforma com vários conteúdos sobre esse e muitos outros temas!

Copyright © 2024 MilkPoint Ventures - Todos os direitos reservados
CNPJ 08.885.666/0001-86
Rua Tiradentes, 848 - 12º Andar - Centro - Piracicaba - SP