6 estratégias para melhorar os ganhos na recria de bovinos de corte

Postado em: 08/08/2019 | 6 min de leitura Escrito por:
A criação de gado de corte é uma das atividades mais lucrativas no Brasil. Para aplicar com sucesso os conceitos da pecuária moderna é preciso atentar para vários aspectos desde o início da criação, otimizando o desenvolvimento dos animais nas fases de cria e recria. Realizar o correto manejo da pastagem, de forma a garantir massa verde em quantidade e qualidade adequadas, é tarefa obrigatória dos pecuaristas que utilizam o sistema de recria a pasto.

O principal objetivo da fase de recria é o desenvolvimento do animal para que ele possa expressar ao máximo o seu potencial genético, ou seja, para que ele “tome forma” com a estrutura e ganho de peso no menor tempo possível.

A fase da recria começa após o desmame dos bezerros. É uma fase muito importante, pois caso o desenvolvimento não seja bem executado o processo de engorda ficará prejudicado. Ou seja, o bom desenvolvimento dos animais depende dos cuidados e da alimentação fornecida durante esta fase.

Este ciclo, que tem duração média de dois anos no Brasil, quando bem executado conta com pasto de qualidade e suplementação. O objetivo é garantir ganhos elevados e antecipar a nova fase, de engorda. Desta maneira, o animal estará em boas condições para desempenhar bem na terminação. Já existe ‘abandono’, ele perde qualidade de carcaça e pode acumular prejuízos difíceis de serem recuperados.

No entanto, é possível reduzir o período de recria para 12 a 15 meses, aumentando muito as chances de retorno ao produtor.

Confira abaixo algumas estratégias usadas para melhorar os ganhos na fase de recria e garantir um bom retorno financeiro ao pecuarista que trabalha com recria.

1) Manejo adequado na cria

Quanto mais pesado o bezerro for desmamado, menor será o tempo para o abate e maior é a possibilidade de uma fêmea entrar em reprodução quando a nutrição pós-desmama não for limitante.

É importante salientar que bezerros que recebem suplementação tem o rúmen mais preparado, ou seja, o número de bactérias que degradam fibras e aumentam a absorção de nutrientes é maior nesses animais.

2) Cuidar para que as fêmeas retornem à reprodução mais cedo

Quando se fala de fêmeas na recria, é necessário definir com clareza quais as metas que se pretendem para esses animais, ou seja, se quer que eles estejam na próxima estação de monta ou se sejam abatidos na próxima estação chuvosa.

É comum o pecuarista descuidar do foco nas fêmeas, mantendo o olhar apenas nos preços dos bezerros, mas a pior coisa que se pode ter na fazenda é a vaca vazia. As fêmeas precisam também ser um foco no sistema de recria, seja para obter ganho de peso para abate, seja para seu retorno à reprodução.

3) Suplementação

A eficiência de crescimento do animal ocorre em função de duas características básicas: a taxa de ganho de peso e a composição dos tecidos depositados. Do ponto de vista nutricional, o crescimento do animal pode ser abordado de duas formas: eficiência energética, que é expressa em megacaloria (Mcal) depositada por Mcal ingerida; ou eficiência alimentar, expressa em termos de kg de ganho de peso vivo/kg de alimento ingerido.

O nível nutricional e o manejo alimentar adotados durante a vida do animal afetam a taxa de crescimento, o tempo de acabamento, o peso e a proporção dos componentes da carcaça (músculo, gordura e ossos). A densidade energética da dieta pode direcionar o uso da energia para síntese de proteína ou de gordura. Esses fatores são essenciais para a obtenção de carcaça tida como ideal, ou seja, aquela que apresenta uma maior proporção de carne em relação a ossos e boa cobertura de gordura, que confere maior maciez e paladar à carne.

O emprego da suplementação alimentar pode viabilizar o abate de animais mais jovens, com carcaças de melhor qualidade, além de aumentar a capacidade de suporte da propriedade. Dentre as vantagens do emprego da suplementação concentrada para animais em fase final de terminação estão o aumento na taxa de ganho de peso, o maior rendimento das carcaças e a maior deposição de gordura subcutânea.

4) Cuidados com o pasto

O manejo do pasto é um dos fatores cruciais para obter sucesso com a produção de bovinos de corte. Mas, ele continua sendo um dos maiores erros que os produtores rurais cometem. Seja pela quantidade de animais por área, tipo de forrageira, exploração intensa ou falta de suplementação adequada.

Todo sistema de produção de gado de corte precisa garantir que o animal tenha alimentos disponíveis o ano todo. Devido ao fato de a estacionalidade na produção de pastagem ser bastante conhecida, é necessário que se faça um planejamento para que haja pasto disponível aos animais o ano inteiro, inclusive na época da seca, e que a suplementação seja adequada a cada época do ciclo produtivo para garantir que o animal ganhe peso e tenha ótimo desempenho no menor período de tempo possível.

5) Seleção genética

O ganho de peso pré-desmama é influenciado pelo potencial genético do bezerro, pela habilidade materna da vaca e pelos nutrientes que são fornecidos ao bezerro. O potencial genético pode ser melhorado pela seleção para precocidade de matrizes e de touros; a habilidade materna não deve ser selecionada para altas produções de leite, pois o nível nutricional das pastagens pode comprometer a condição corporal dessas vacas e, consequentemente, os índices reprodutivos.

6) Controle de índices zootécnicos e econômicos

Além dos cuidados com a cria, com a seleção genética, com o manejo do pasto e com a suplementação dos animais, é necessário que o pecuarista tenha o controle dos índices zootécnicos e econômicos de sua fazenda, com um registro regular de dados e acompanhamento do desempenho ao longo do tempo.

Deve-se ter em mente que uma fazenda é uma empresa e deve ser vista dessa forma, com o estabelecimento de metas e acompanhamento das mesmas. Para isso, é importante que se faça registros adequados de dados e que se tomem medidas de manejo para correções e melhorias com base nos resultados da própria fazenda.

Assim, fica claro que o ponto central de toda a questão na fase de recria em um sistema de pecuária de corte - e, na realidade, em todas as fases do sistema - está no planejamento adequado. É comum que a fase de recria seja negligenciada, com maior ênfase sendo dada às fases de cria e engorda, como se essa “fase do meio” fosse menos importante e menos possível de ser manejada de forma adequada.

Para que se obtenha os melhores resultados, é necessário que todas as fases sejam planejadas e manejadas adequadamente, levando em consideração todos os fatores envolvidos, desde a raça e a genética dos animais, até a região da propriedade, as particularidades relacionadas ao clima, estacionalidade e possibilidades de produção de pastagem, sem deixar de considerar as demandas e características do mercado.

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Fontes consultadas:

Recria e Engorda (https://csr.ufmg.br/pecuaria/portfolio-item/recria-e-engorda/)

Gado de corte: Dicas que ninguém te contou! (https://www.cptcursospresenciais.com.br/blog/gado-de-corte/)

Tempo de recria de gado de corte deve ser reduzida pela metade, recomenda pesquisador (https://www.girodoboi.com.br/videos/giro-do-boi/recria-de-gado-de-corte-deve-ser-reduzida/)

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