Cuidados na castração de bovinos

Postado em: 06/11/2019 | 5 min de leitura Escrito por:
A castração dos bovinos é uma prática utilizada desde antes da era cristã e é tradicionalmente usada no Brasil em vista de o sistema de produção ser baseado em pastagens extensivas, o que eleva a idade do abate. O propósito não é só o de manejo, mas melhoria na qualidade da carcaça.

Entretanto, grandes mudanças aconteceram no sistema de produção. Uma sensível redução na idade do abate está sendo observada em várias regiões do País. São inúmeros os motivos, dentre os quais podemos destacar os avanços da alimentação dos bovinos (pastagens e suplementação), melhoramento genético (seleção e cruzamentos) e sistemas de produção (confinamento). A simples introdução do cruzamento industrial permite o abate até os 24 meses. Se aliado ao confinamento, os abates podem acontecer aos 12 ou 15 meses de idade. Por isso, a prática da castração começa a ser questionada, desde que se consigam carcaças com boa cobertura de gordura suficiente para a indústria.

A castração depende do tipo de exploração pecuária e do interesse particular de cada criador ou associação de raças. A prática tem como atrativo principal a facilidade de lidar com o rebanho, uma vez que os animais castrados tornam-se mais dóceis permitindo a mistura de bois e vacas. Além dessa vantagem, as carcaças dos animais castrados são de melhor qualidade e de maior aceitação no mercado se comparada às dos animais inteiros. Por outro lado, sistemas de produção de animais inteiros apresentam-se atrativos devido ao melhor desempenho em relação aos castrados.

Os bovinos inteiros, por apresentarem maior velocidade de ganho de peso e serem mais eficientes na transformação dos alimentos oferecidos em peso vivo, produzem cerca de 15 a 20% a mais de peso do que os castrados.

Tecnicamente, a viabilidade econômica de não se castrar é inquestionável, resultando em carcaças com pesos de 30 a 60 quilos a mais, em relação aos castrados. No entanto, a indústria frigorífica reclama dos inteiros e algumas já penalizam estes animais com o argumento da menor deposição de gordura.

Entre a necessidade da castração e saber o que é melhor para o empreendimento, o produtor deve levar em conta o sistema de produção da propriedade, a raça dos animais, o tipo de alimentação disponibilizado, a idade de abate e o destino da produção. A opção de castrar ou não vai depender de uma análise criteriosa do produtor. O importante é que castrado ou não, os animais devem produzir carcaças de qualidade e com grau de acabamento nos padrões exigidos pelo mercado.

Confira abaixo alguns cuidados que precisam ser considerados ao se fazer castração de bovinos.

1) Escolha da idade do animal

O tema é polêmico e a questão é relativamente complicada, pois estão envolvidos vários aspectos que podem individualizar a resposta. Em linhas gerais, a melhor época é aquela onde haja mais benefícios do que prejuízos, ou seja, uma relação custo/benefício favorável.

Castrar ao nascimento apresenta como principal desvantagem a não-utilização do efeito anabólico dos hormônios produzidos nos testículos. Retardar a castração para a época do desmame (período de seca) coincide com mais uma prática estressante, assim como a proximidade da época de restrição alimentar. Castrar com 12 ou mais meses tem os inconvenientes do difícil manejo e do grande estresse causado ao bovino, além do risco de se perder um animal de valor considerável. Resultados de pesquisas mostram que a realização da castração até a fase de puberdade não apresenta diferença quanto ao desempenho do animal. Verificou-se também, que castrações realizadas após a puberdade apresentam ganhos relativamente pequenos devido às dificuldades de manejo e aos riscos gerados.

Há trabalhos no qual se demonstrou que as castrações dos bovinos ainda muito jovens são prejudiciais ao desenvolvimento final dos animais.

É imperioso que a idade de abate dos bovinos inteiros não exceda aos dois anos. Abater animais inteiros com mais de 24 meses é indicativo de que o sistema de produção é ineficiente para a produção de carcaças com melhor qualidade.

2) Época de castração

A castração de machos normalmente ocorre na seca onde é menor a proliferação de moscas e outros insetos ou parasitas. Desta forma, diminui-se a possibilidade de infestações por miíases e infecções secundárias.

3) Escolha do método de castração

Dos métodos utilizados para castrar machos bovinos os mais praticados são:

• Torquês ou burdizzo: assim chamado porque o objeto serve para esmagar as veias, artérias, canais e ligamentos dos órgãos reprodutores. Separados um do outro, os testículos do animal vão-se atrofiando dentro da bolsa que os abriga (saco escrotal) e, aos poucos, são absorvidos pelo organismo do boi - desaparecem completamente depois de, aproximadamente, 40 dias. Esse método tem a vantagem de não ser muito doloroso e de não exigir cortes, evitando-se, assim, o perigo de infecções. Quando bem feito, dá bons resultados.

• Ablação dos testículos: também conhecido como “castração a canivete”. Consiste em se fazer um corte na bolsa escrotal e retirar os testículos do animal. Ao se remover os testículos, deve-se proceder ao controle hemorrágico mediante utilização de suturas, ou na impossibilidade desta, proceder a cauterização.

4) Contenção do animal

A contenção do animal deve ser feita de forma correta. Devemos lembrar que, para os animais maiores, a contenção bem realizada corresponde a 70% do sucesso da operação.

5) Higienização

Após a castração é preciso realizar uma correta higienização local com aplicação de produtos antimicrobianos, cicatrizantes e repelentes. Pode-se utilizar anestésicos ou sedativos para que o animal fique imóvel e não sinta a cirurgia.

6) Pessoas treinadas

A castração deve ser feita por uma pessoa treinada. O processo é simples, mas precisa de segurança. Normalmente os tratadores conhecem a técnica e fazem com muita naturalidade.

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Fonte consultada:

Quando castrar bovinos (https://www.grupocultivar.com.br/artigos/quando-castrar-bovinos)
 

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