Como devem ser as instalações e o manejo do cocho de bovinos em confinamento?

Postado em: 14/12/2018 | 5 min de leitura Escrito por:
A recria ou terminação de bovinos em confinamento demandam alguns cuidados importantes para que os animais alcancem o ganho de peso desejado, no período de tempo esperado. Um dos pontos cruciais são as instalações e o manejo do cocho

Um estabelecimento que realiza confinamento de bovinos para terminação deve ter uma série de instalações, incluindo:

- Escritório, refeitório e banheiros;
- Barracão e silos para armazenamento de alimentos;
- Fonte de água e reservatório de armazenamento;
- Curral de manejo;
- Baias;
- Estrutura de manejo de dejetos, essa cada vez mais importante devido à questão da sustentabilidade ambiental.

Armazenamento de alimentos

A forma mais comum encontrada de armazenamento de alimentos nos confinamentos são barracões abertos com divisórias, como o da foto abaixo:



Alguns confinamentos maiores, no entanto, podem ter silos aéreos para armazenamento de grãos:



Já quem trabalha com silagem de grãos úmidos, pode utilizar silos trincheiras para armazenamento, como mostra a foto abaixo:



Fonte de água e reservatório de armazenamento

É necessário garantir que a fonte de água do confinamento tenha alta qualidade e não esteja sujeita a riscos de contaminação.

Com relação à disponibilidade de água, é crucial que se garanta a quantidade adequada, evitando-se o desabastecimento. Se não tiver reservatórios que permitam tempo suficiente para reparos no sistema de abastecimento, a situação pode ser bastante crítica em um confinamento.

O animal consome ao redor de 5 litros de água por quilo de matéria seca ingerida, flutuando para mais ou para menos em função da temperatura ambiente. Quanto mais calor, maior a ingestão de água. Assim, o consumo médio de água é de 50 a 60 litros/boi por dia. A reserva mínima deve ser de, pelo menos, de 3 dias, caso haja algum problema na bomba de água e o reparo seja demorado. Isso garante o abastecimento de água nessas situações de emergência.

Baias

Com relação às baias, nos Estados Unidos, de acordo com dados de 2016 (Samuelson et al., 2016), 17% dos confinamentos usam sombra.

Já a metragem das baias nos Estados Unidos varia com a época do ano, da seguinte maneira:

- m2/cab. verão seco:

mínimo: 14,5 (2,14 a 23,2)
máximo: 23,6 (13,9 a 37,2)

Nessa época, há aumento da densidade. Isso é mais ou menos o que fazemos no nosso inverno seco no Brasil.

- m2/cab inverno neve:

mínimo: 17,2 (2,14 a 32,5)
máximo: 28,5 (16,7 a 51,1)

Já esse período equivale ao nosso verão chuvoso, quando há redução da densidade de animais.

Cochos

Também nos Estados Unidos, para os animais que estão chegando no confinamento e entrando na dieta de adaptação, é fornecida uma maior metragem linear por animal, com 30,3 cm/cab (15,2 a 45,7 cm/cab).

Confira artigo relacionado: 8 perguntas e respostas sobre adaptação dos animais à dieta de confinamento

Já na terminação, utiliza-se uma maior densidade de animais, com 21,6 cm/cab (15,2 a 30,5 cm/cab).

Maquinário

Ainda no mesmo levantamento de 2016 nos Estados Unidos, com relação ao sistema de mistura e fornecimento de ração 68,0% informaram que trabalhavam com caminhão ou trator misturador e distribuidor e 38,8% trabalhavam com misturador estacionário. De um modo geral, 90,8% dos misturadores usados são horizontais.

Já no Brasil, um levantamento também de 2016 (Pinto e Millen, 2016), 71,5% utilizavam caminhão/vagão misturador e distribuidor. Isso mostra uma evolução considerável nesse ponto nos últimos dez anos. Já 15% utilizavam misturador estacionário e 13,4% com caminhão/vagão distribuidor.

Apesar dessa presença crescente e marcante de misturador, seja caminhão misturador, seja com o uso de misturador estacionário e caminhão distribuidor, apenas 60,2% faz distribuição programada, enquanto 39,8% ainda trabalham com bica corrida. Isso vem melhorando, mas ainda há bastante espaço para melhora. O trabalho sem controle de consumo por lote e controle do fornecimento prejudica bastante a qualidade do manejo de cocho.







Manejo de cocho

Com relação à frequência do fornecimento de alimentos, a maioria dos nutricionistas dos Estados Unidos informaram que fazem dois a três fornecimentos por dia. Isso porque o maior custo operacional do confinamento é o fornecimento de alimento. Quanto mais vezes passa com o caminhão no cocho, maior o custo.

Confira abaixo os dados dos Estados Unidos sobre a frequência do fornecimento de alimentos:

- Fornecimento 1x/dia: 8,06%
- Fornecimento 2x/dia: 54,0%
- Fornecimento 3x/dia: 48,5%
- Fornecimento 4x/dia: 0,125%

Confira abaixo os dados da pesquisa do Brasil:

- Fornecimento 2/dia: 3,0%
- Fornecimento 3x/dia: 18,2%
- Fornecimento 4x/dia: 48,5%
- Fornecimento 5x/dia: 30,3%


Não há embasamento científico que justifique fornecer alimentos no cocho mais do que quatro vezes ao dia. Pesquisas sugerem 3 a 4 vezes por dia como melhor opção. Isso pode variar com o tipo de alimento, dietas mais secas ou mais úmidas, tipos de ingredientes.

Leitura de cocho:

Na pesquisa brasileira, vem crescendo o manejo de cocho limpo, com 42,4% dos participantes informando que fazem manejo do cocho lambido. Isso exige um aprimoramento maior em leitura de cocho, horários corretos para se fazer, buscando evitar que o animal fique com avidez na hora de comer, fazendo consumos elevados, aumentando a acidose e a interação negativa no cocho entre os animais.

Cerca de 51,5% dos participantes da pesquisa fazem manejo de 1 a 3% sobra e 6,1% fazem manejo de 3 a 5% sobra.

Confira artigo relacionado: Como fazer a correta leitura do cocho de bovinos confinados?

O manejo do cocho busca evitar ao máximo a flutuação do consumo de alimentos pelos animais. Para evitar a flutuação do consumo, deve-se:

- fazer uma leitura de cocho criteriosa;
- fazer ajustes controlados de aumento ou redução, evitando grandes saltos;
- qualidade da mistura;
- controle da qualidade dos ingredientes;
- monitoramento do teor de umidade dos ingredientes, principalmente volumoso, que é o que mais varia, ou quando tem alimentos úmidos;
- constância da degradabilidade do amido.

Confira outros artigos sobre esse tema:

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