Como avaliar a condição corporal de vacas leiteiras

Postado em: 21/10/2019 | 5 min de leitura Escrito por:
As quantidades de reservas corporais na ocasião do parto têm grande influência em problemas do pós-parto imediato, na produção de leite e na eficiência reprodutiva da lactação subsequente. Vacas muito magras apresentam menor produção de leite devido à falta de reservas corporais, maiores incidências de problemas metabólicos e atraso no aparecimento do cio após o parto. Porém, as muito gordas podem apresentar dificuldades no parto, diminuição na ingestão de matéria seca no início de lactação, o que acarretará em incidências de algumas doenças metabólicas (como a síndrome da vaca gorda) e diminuição da produção de leite. Portanto, o objetivo é ter vacas em "boa" condição corporal no parto, nem tão magras e nem tão gordas.

O escore de condição corporal é uma ferramenta usada para ajustar a nutrição e as práticas de manejo para a maximização do potencial produtivo e minimizar as desordens reprodutivas. 

Por que fazer escore da condição corporal (ECC) em vacas de leite?

O ECC deve ser feito para encontrar o equilíbrio entre o manejo alimentar e a viabilidade econômica da atividade leiteira, sempre buscando a máxima produção e o bem estar animal.

Fazer ou dar o ECC é particularmente útil na secagem e no pré-parto, pois o objetivo é assegurar que as vacas tenham condição corporal adequada ao parto, para que a ocorrência de problemas fique reduzida. No início da lactação, as vacas ficam com uma considerável pressão nutricional (balanço energético negativo) e o ECC pode ser usado como indicativo de perda de peso excessiva. A manutenção do ECC adequado para cada fase previne a ocorrência de problemas metabólicos.

A maioria das pesquisas com ECC tem o objetivo de mostrar o escore ideal em cada fase para a máxima produção de leite, mas é igualmente importante estabelecer o correto ECC para prevenir os problemas ao parto, tanto distocias (dificuldade de parto) como problemas metabólicos.

Vacas no início da lactação estão em balanço energético negativo e perdem condição corporal (mobilizam reservas corpóreas de gordura). A vaca consegue produzir sete quilos de leite com a perda de um quilo de peso corporal. Vacas em início de lactação não devem perder mais de um quilo de peso corporal por dia. Porém, vacas no final da lactação estão em balanço energético positivo e ganham condição corporal para repor as reservas corporais perdidas no início da lactação. Portanto, em condições ideais, a condição corporal muda ao longo da lactação (Figura 1).



Figura 1: ECC muda ao longo da lactação

ECC nas diferentes fases do ciclo produtivo das vacas

Secagem e Pré-parto: A vaca não deve estar gorda no final da lactação. O ECC deve permitir uma suplementação moderada durante o período seco para preparar a vaca para a lactação subseqüente (No período seco a redução do ECC deve ser evitada).

Ao parto: A vaca não deve parir gorda. Vacas gordas desenvolvem fígado gorduroso, cetose e apresentam mais problemas de parto e outras doenças metabólicas, conseqüentemente apresentam mais problemas de fertilidade subsequente.

Início da Lactação: No início da lactação as vacas sofrem um considerável estresse nutricional (demanda energética é maior do que a capacidade de consumo), e a alimentação adequada é essencial para prevenir perda excessiva de peso. Vaca muito magra também é problema.

Período de Serviço: As vacas não devem estar em déficit energético, isso resultaria em baixa taxa de ciclicidade e fertilidade.

Como fazer a avaliação do ECC?

Para a avaliação do ECC as vacas devem ser observadas com bastante cuidado, para que as reservas corporais sejam avaliadas. Alguns métodos envolvem a palpação de algumas áreas, exigindo uma contenção mais adequada dos animais.

A condição corporal é feita observando-se a garupa da vaca-primeiramente observando-se os ossos do íleo (tuber coxae), do ísquio (tuber ischii) e da inserção da cauda.

A quantidade de gordura "de cobertura" sobre as vértebras da porção traseira dos animais também é utilizada na determinação da condição corporal (Figuras 2, 3 e 4). As vacas são classificadas em uma escala de 1 a 5. Vacas muito magras recebem escore 1 e vacas muito obesas recebem escore 5 (Figura 4).



Figura 2: Identificação de algumas partes do corpo usadas para a determinação da condição corporal.

A escala mais utilizada para gado de leite é a que vai de 1 a 5 (EDMONSON et al., 1989), sendo 1 para a vaca extremamente magra e 5 para a vaca extremamente gorda. Dependendo do grau de experiência do avaliador a escala pode ser quebrada em 0,50 ou 0,25 pontos.



Figura 3: Escores de condição corporal. (Adaptado de A.J. Edmondson, I.J. Lean, C.O. Weaver, T. Farver and G. Webster. 1989. A body condition scoring chart for Holstein dairy cows . J. Dairy Sci. 72:68-78.)




Figura 4: Exemplo de vacas com escores de condição corporal de 1.5 (A), 3 (B) e 4.5 (C).

Quando fazer?

O ECC deve ser avaliado em momentos em que seja possível a tomada alguma atitude para corrigir as possíveis falhas. A recomendação é para que seja realizada a avaliação no momento da secagem, ao parto e no final do período voluntário de espera.



Tabela 1. Escore de condição corporal recomendado para cada fase produtiva das fêmeas bovinas.

O ideal é que o ECC na secagem seja muito próximo ao ECC ao parto (no máximo 0,5 pontos abaixo), nunca acima, pois a vaca não pode perder peso no pré-parto.

Como modificar o ECC?

O ECC não pode ser alterado rapidamente. A dieta deve ser balanceada para que a recuperação seja lenta, sem comprometer a saúde da vaca. As vacas gordas devem ser mantidas em pasto de baixa qualidade, mas com fibra suficiente para garantir a funcionalidade do rúmen, esses animais devem ser monitorados constantemente, a perda de peso pode causar problemas metabólicos, principalmente no pré-parto.

Conclusão

Avaliar o escore de condição corporal é uma técnica simples de ser aprendida e pode ser realizada até mesmo com os animais no pasto. Quando realizada nos momentos adequados, pode auxiliar nas tomadas de decisões de manejo que resultam em aumento da produção e redução dos custos.

A avaliação do escore da condição corporal, observando apenas a garupa da vaca é prática e rápida (Maciel, 2006).

ECC = 2,0



ECC = 2,5



ECC = 3,0


ECC = 3,5


ECC = 4,0


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Fontes consultadas:

Como avaliar o escore de condição corporal de vacas em lactação (https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao/como-avaliar-o-escore-de-condicao-corporal-de-vacas-em-lactacao-35138n.aspx)

Escore da Condição Corporal em Vacas de Leite (https://www.milkpoint.com.br/colunas/jose-luiz-moraes-vasconcelos-ricarda-santos/escore-da-condicao-corporal-em-vacas-de-leite-33876n.aspx)

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