4 dicas para prevenir a febre do leite em seu rebanho

Postado em: 15/09/2023 | 4 min de leitura Escrito por: Luma Maria Souza Machado
Conhecida no meio como febre do leite ou paresia puerperal, a hipocalcemia é uma condição metabólica que afeta principalmente as vacas leiteiras. Geralmente, essa condição se manifesta durante o período de transição, que compreende desde o pré-parto até o início da fase de lactação. É mais comum entre as primeiras 48 e 72 horas após o parto, mas em casos excepcionais, pode surgir até dois meses após o nascimento do bezerro.

A hipocalcemia é dividida em subclínica e clínica, e a principal diferença entre elas está nos níveis de cálcio no sangue. Na forma clínica, o cálcio fica abaixo de 5,5 mg/dl, enquanto na subclínica, fica abaixo de 8,5 mg/dl. Agora, o que precisamos entender é como essas condições afetam a produção de leite. Confira neste blog!

Hipocalcemia subclínica


A hipocalcemia subclínica é uma fase intermediária, em que os sinais visíveis deste problema não são aparentes. Nesses casos, os níveis de cálcio podem chegar até 8 mg/dl. A vaca pode apresentar sintomas como tremores musculares nos membros e na cabeça, sensibilidade aumentada, orelhas caídas, espasmos e dificuldade leve ao caminhar.

O animal se apresenta mais agitado, com dificuldades para respirar, língua para fora da boca, entre outros sinais. Se não houver intervenção para tratar a hipocalcemia clínica, a situação pode piorar, com sintomas mais intensos ou até mesmo levar à morte. Portanto, é importante ficar atento a esses sinais e agir de forma terapêutica quando necessário.

Hipocalcemia clínica

A hipocalcemia clínica já é uma situação mais grave que precisa ser controlada rapidamente. Ela se manifesta quando os níveis de cálcio caem significativamente, chegando a valores tão baixos como 2 mg/dl, embora geralmente fiquem abaixo de 8 mg/dl.

O principal sinal clínico observado é a incapacidade da vaca de ficar de pé. Ainda, é possível notar outros sintomas, como, perda de apetite, batimentos cardíacos acelerados, desidratação, temperatura corporal abaixo do normal (entre 36°C e 38°C) e extremidades do corpo frias, mesmo em ambientes quentes.

Além dos sinais mais comuns, quando a vaca está deitada, é possível notar que ela pode estender a cabeça na direção do flanco, formando uma curva em "S". Esse é um sinal típico de uma vaca com um caso grave de hipocalcemia - atente-se.

De acordo com Jesse Goff, professor na Iowa State University e veterinário especializado em produção de leite, ele associa a hipocalcemia, inclusive em seu estágio subclínico, à alcalose metabólica. Segundo ele, "as vacas tornam-se alcalóticas devido ao alto teor de potássio nas forragens que consomem."

Essa condição de alcalose afeta a função de um hormônio vital para o equilíbrio do cálcio, chamado de paratireóide, nos ossos e rins da vaca. Isso compromete a capacidade dela de se ajustar à diminuição do cálcio no sangue, que ocorre devido à produção de colostro e leite no início da lactação. Diante disso, surge a questão: como podemos prevenir casos de hipocalcemia?

Como prevenir a febre do leite?

Lidar com a hipocalcemia pode variar conforme a particularidade de cada fazenda leiteira. Abaixo estão quatro sugestões do Goff que podem fazer a diferença:
  • Reduza o potássio na dieta pré-parto das vacas. Opte por gramíneas com menor teor de potássio para alimentar as vacas secas. Evite o uso de esterco em campos destinados à forragem. Colha as gramíneas quando mais maduras, já que têm menor teor de potássio. Use silagem de milho, uma excelente opção em dias quentes.
  • Inclua ânions na dieta para equilibrar o cálcio. Muitos nutricionistas usam programas de formulação de ração que calculam a diferença cátion-ânion da dieta. A dieta deve ficar entre -75 mEq/kg e -125 mEq/kg, dependendo da fonte de ânion usada. Teste o pH da urina para garantir o equilíbrio certo. Um pH entre 6 e 6,6 na semana pré-parto indica uma dieta adequada.
  • Restrinja o cálcio na dieta por pelo menos 10 dias antes do parto. Esta medida faz o corpo da vaca acreditar que está carente de cálcio, ativando a produção de hormônios que aumentam a absorção desse mineral na dieta e nos ossos. Isso a prepara para a lactação. Certifique-se de fornecer uma fonte disponível de magnésio, pois as vacas com deficiência lutam com o equilíbrio do cálcio. O magnésio da dieta deve ser cerca de 0,4%. Além disso, mantenha o fósforo abaixo de 0,3% para equilíbrio ideal do cálcio no parto.
  • Dê uma fonte de cálcio prontamente disponível após o parto. Os bolus orais de cálcio geralmente contêm cloreto de cálcio ou propionato, que se dissolvem rapidamente. Os géis com cálcio também são eficazes, mas exigem uma administração mais especializada. O cálcio pode ser administrado novamente 12 a 24 horas após o parto.

É importante destacar que o sucesso da fazenda em manter a hipocalcemia sob controle, depende significativamente da dedicação de sua equipe. De acordo com pesquisas realizadas, Jesse Goff ressalta que é a hipocalcemia persistente no segundo dia de lactação que, com maior frequência, resulta no descarte de vacas.

Ele oferece um conselho prático: "Se você puder coletar apenas uma amostra de sangue das vacas para avaliar o sucesso de seu programa de transição, faça isso o mais próximo possível das 36 horas após o parto". Isso ocorre porque vacas com níveis de cálcio no sangue ainda abaixo de 8 mg/dl têm maior probabilidade de desenvolver problemas como metrite e deslocamento de abomaso.

Goff acrescenta: "Se eu pudesse fazer duas coletas de sangue, faria uma 12 horas após o parto e outra novamente às 36 horas após o parto". Ele destaca que, se o seu programa de transição estiver funcionando adequadamente, a maioria das vacas apresentará uma concentração de cálcio no sangue mais elevada às 36 horas após o parto em comparação com o momento do parto.

Portanto, investir em medidas preventivas é sempre uma abordagem mais eficaz, uma vez que os sintomas da hipocalcemia impactam diretamente a produção de leite na sua propriedade.

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