Cultura microbiológica para o controle da mastite. Por que vale a pena?

Postado em: 16/03/2022 | 5 min de leitura Escrito por:
O uso indiscriminado de antimicrobianos em rebanhos leiteiros tem preocupado órgãos governamentais em diversos países. O aumento do risco de resíduos no leite e derivados, o possível desenvolvimento de resistência de microrganismos patogênicos aos antimicrobianos e as perdas econômicas associadas com o tratamento da vaca e descarte de leite são alguns dos motivos dessa preocupação.
 
A cultura microbiológica tem sido uma estratégia muito utilizada por diversas fazendas do mundo todo, como forma de racionalizar o uso de antimicrobianos. Essas fazendas implementaram programas de tratamento seletivo de mastite clínica, nos quais o uso de antimicrobianos depende dos resultados de identificação microbiológica.
 
Outro fator muito importante é que, através dessa técnica, é possível aplicar protocolos de tratamento específicos para determinados tipos de agentes, obtendo respostas muito mais efetivas e maior taxa de cura clínica e bacteriológica.
 
A cultura microbiológica também permite identificar o perfil dos microrganismos causadores de mastite da fazenda, de forma que seja possível saber onde está o maior problema, se é no manejo, no ambiente ou nos equipamentos. Essa informação permite que seja feito um trabalho de prevenção e não somente de cura, atuando diretamente no foco da infecção.
 
Como existem aproximadamente 10 casos de mastite subclínica para cada caso de mastite clínica, a cultura microbiológica pode ser utilizada em animais com aumento na contagem de células somáticas (CCS) ou que apresentaram resultado positivo no teste de CMT, para que se possa agir diretamente no problema. Através desta técnica, pode-se identificar rapidamente os animais positivos e segregá-los, evitando a transmissão e realizando o manejo correto.
 
A cultura microbiológica também pode ser uma aliada na terapia seletiva de vacas secas. Hoje, em alguns países, é obrigatório que se faça cultivo por quarto mamário das vacas antes que essas sejam secas. Isso porque não se deve aplicar antibióticos em quartos sadios. Se não existe a infecção mamária, não existe justificativa para que se aplique o antibiótico intramamário. Como isso já é lei em muitos países, essa técnica vem sendo difundida em grande escala.

Como funciona essa técnica?
 
Um dia antes da vaca ser seca, é coletada uma amostra por quarto mamário da vaca e essas amostras são incubadas. No dia seguinte, quando a vaca será seca, é feita a leitura dessa incubação e somente é aplicado antibiótico intramamário nos quartos que apresentarem isolamento positivo na cultura realizada.
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Na fazenda ou no laboratório?
 
Existem hoje duas possibilidades para se fazer o diagnóstico da mastite:
 
  • Envio de amostra ao laboratório, que identifica o agente causador e depois o envia de volta ao produtor;
  • Identificação do agente causador na fazenda.
 
Qual é o melhor método?
 
Confira abaixo as vantagens e desvantagens de cada uma das técnicas:
 
Vantagens da cultura feita no laboratório:
 
  • Identificação mais precisa, pois é feito um detalhamento grande do diagnóstico, chegando até a espécie do agente causador da mastite;
  • Não precisa de estrutura na fazenda.
 
Desvantagens da cultura feita no laboratório:
 
  • Necessidade do envio do material;
  • É necessário esperar o tempo entre o transporte da amostra e a análise, que é de cerca de 3 a 5 dias, podendo atrasar a tomada de decisão de controle;
  • Maior porcentagem de resultados negativos, porque a amostra é congelada e demora um tempo para que seja analisada.
 
Vantagens da cultura feita na fazenda:
 
  • É uma técnica simples e rápida, pois a ideia não é que a fazenda se transforme em um laboratório, mas sim, tenha alguns passos importantes para essa diferenciação de grupos específicos que já ajudam o produtor a tomar aquela decisão;
  • Possibilidade de tomada de decisão dentro de 24 horas;
  • Serve para identificação de alguns grupos de bactérias.
 
Desvantagens da cultura feita na fazenda:
 
  • Necessidade de estruturas e pessoas treinadas;
  • Número mínimo de casos e amostras a serem analisadas que justifiquem ter essa estrutura na fazenda.
 
Assim, o objetivo da cultura feita na fazenda não é substituir a cultura no laboratório, mas sim, tratam-se de duas estratégias complementares. Enquanto a cultura no laboratório tem um resultado mais preciso, a cultura na fazenda permite que o responsável tome decisões de forma imediata.
 
Resultados de cultura microbiológica:
 
Vale destacar que a cultura microbiológica pode dar os seguintes resultados:
 
  • Negativo: sem crescimento em 48 horas
 
O resultado negativo pode ocorrer em vacas que não têm o agente causador que se está analisando, em vacas que têm o agente causador em quantidades muito pequenas em relação ao volume de leite utilizado na análise, ou em casos em que a amostra fica congelada por mais 30-45 dias, pois nesse caso, a bactéria perde a viabilidade.
 
  • Contaminado: com crescimento bacteriano
 
O resultado é considerado como contaminação quando se identifica na placa mais de 2 colônias diferentes de bactérias. A contaminação ocorre quando, durante a coleta, o leite é contaminado por bactérias do teto, das mãos, do tubo, ou ainda, quando ocorre algum problema no transporte da amostra.
 
Quando são identificados até dois agentes, é possível que seja diagnosticado como mastite mesmo e não como contaminação.
 
Diferenciando grupos de bactérias na fazenda
 
Quando se faz a cultura na fazenda, uma coisa que é muito importante fazer é diferenciar dois grupos de bactérias que são bastante distintos em termos de estratégias de controle e tomadas de decisão. Esses são os agentes gram negativos e gram positivos. Eles se diferenciam pela característica da estrutura da bactéria.
 
Na parede celular de uma bactéria gram positiva existem duas camadas na parede celular, que darão características específicas em termos de cor (arroxeada) quando é feita a coloração de gram, que, por sua vez, são diferentes das características das bactérias gram negativas (coloração avermelhada), que possuem três camadas. Cada um desses grupos requer medidas específicas e diferentes.

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Fontes:

Vantagens e desvantagens de fazer cultura microbiológica na fazenda (https://www.educapoint.com.br/v2/blog/pecuaria-leite/vantagens-desvantagens-cultura-microbiologica/)

Cultura microbiológica na fazenda: como usá-la para o controle de mastite? (https://www.educapoint.com.br/v2/blog/pecuaria-leite/cultura-microbiologica-na-fazenda/)

Cultura na fazenda: muito além da mastite clínica (https://www.milkpoint.com.br/canais-empresariais/onfarm-o-produtor-em-primeiro-lugar-sempre/cultura-na-fazenda-muito-alem-da-mastite-clinica-226429/)

Como usar a cultura microbiológica para terapia seletiva de vacas secas (https://www.educapoint.com.br/v2/blog/pecuaria-leite/cultura-microbiologica-terapia-seletiva-vaca-seca/)
 
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