Dermatite digital em bovinos: causas e tratamento

Postado em: 17/12/2018 | 4 min de leitura Escrito por:

As lesões podais nos bovinos, além de afetarem negativamente o bem-estar animal, geram inúmeras perdas ao sistema produtivo, seja ele de produção de leite ou carne. A dificuldade de locomoção impacta na ingestão de alimentos, na manifestação de comportamentos naturais (como o cio, por exemplo), nos índices reprodutivos e, consequentemente, na produtividade animal.

Para se ter uma ideia, uma vaca leiteira com leve desconforto na locomoção, pode estar deixando de produzir até 5 litros de leite por dia, dependendo da lesão, além de apresentar uma queda de 5% na taxa de concepção. Em um caso mais avançado, essa redução pode chegar a 30 litros de leite por dia, e uma queda de 50 a 100% na taxa de concepção. 

A dermatite digital e interdigital é a lesão podal mais comum em bovinos no mundo inteiro, acometendo animais de corte e de leite. Essa é uma lesão altamente relacionada com a falta de higiene ambiental, ou seja, ao acúmulo de matéria orgânica, como esterco e barro, em combinação com a umidade.

A dermatite pode estar localizada no dedo do animal, quando é chamada de digital, ou, entre os dedos, quando é chamada de interdigital. A dermatite digital e interdigital, além de ser uma lesão importante, pode ser porta de entrada para o flegmão digital, que é uma doença muito mais grave e com potencial de perda econômica muito mais severo que a dermatite digital.

A dermatite digital pode aparecer na parte de trás do dedo do animal ou na parte da frente do dedo, na pele imediatamente acima do casco.

Causas

A bactéria responsável por essa lesão é do gênero Treponema, que está presente no intestino dos animais e é eliminada com as fezes. No entanto, essa bactéria só se instala se houver uma porta de entrada, ou seja, uma ferida de origem mecânica. Dessa forma, o animal precisa machucar o pé por abrasão em uma superfície rígida.

É comum que, após o período de chuvas, o barro dos piquetes seque e forme crostas secas e rígidas, levando ao aparecimento de lesões. Isso também ocorre quando se usa erroneamente cascalhos, pedras ou algum tipo de calçamento rígido e pontiagudo em áreas onde há acúmulo de barro, como beiradas de cocho, de bebedouro, corredores de passagem, que acaba levando ao aparecimento em massa desse tipo de lesão no rebanho.

Essa é uma lesão que começa na pele. É característico o crescimento exagerado dos pelos em volta da borda da ferida.

Tratamento

1) Limpeza do local

A primeira parte do tratamento consiste na limpeza da área. A sujeira na área acaba protegendo a bactéria, tornando o tratamento ineficaz caso não seja feita a limpeza da área. Trata-se de uma bactéria anaeróbica que precisa de uma baixa oxigenação para se desenvolver.



A primeira coisa a se fazer é remover a sujeira do local afetado. Começa-se removendo o barro até que se chega em uma camada cinza, que está por cima da lesão. Essa camada consiste de resto de células mortas do tecido vivo do animal, bactérias mortas e algumas enzimas que as bactérias e as células de defesa do organismo liberam.

Isso forma uma película, chamada de biofilme, que deixa a bactéria protegida no ambiente anaeróbico imediatamente abaixo disso. O biofilme é o responsável pelo pedilúvio não ser capaz de desinfetar a ferida, bem como pela ineficácia de tratamentos com antibióticos tópicos, que não alcançam verdadeiramente a lesão que está por baixo.

Leia mais: Pedilúvio: 7 erros que você não deve cometer

2) Bicarbonato de sódio 5%, a 56oC

Após a remoção do excesso de sujeira, lava-se o pé do animal com uma solução de bicarbonato de sódio 5% a uma temperatura de 56oC, que serve de desinfetante devido ao seu pH elevado.

3) Remoção do restante do biofilme e da borda da ferida

Após a lavagem com bicarbonato de sódio, é possível enxergar onde ainda sobraram pedaços de biofilme sobre a ferida e fazer sua completa remoção. Além disso, deve-se remover a borda rígida da ferida, que atrapalha sua cicatrização.



A borda é a parte mais importante para determinar a cicatrização da ferida. Quando essa borda é removida, o tecido vivo está pronto para começar o processo de cicatrização, que sempre acontece da periferia para o centro da lesão.

Após a remoção da borda, lava-se novamente a lesão com a mesma solução de bicarbonato.



4) Papel toalha seco

Para garantir a completa remoção do biofilme, deve-se passar um papel toalha seco na lesão. O papel deve ser esfregado com força para garantir a remoção.



5) Aplicação de oxitetraciclina spray

Depois disso, com a lesão totalmente limpa, deve-se aplicar oxitetraciclina spray diretamente na lesão, garantindo que o antibiótico fique bem espalhado.





Em feridas do tamanho dessa da foto acima, um curativo desse já é suficiente. Se a ferida for maior, dentro de uma semana deve-se verificar se houve regressão da lesão e se essa está cicatrizando. Feridas de pele, normalmente, em uma semana ficam cobertas de tecido novo. Caso em uma semana a ferida não estiver coberta de novo tecido, deve-se repetir o procedimento.

Confira aqui 3 dicas práticas para o tratamento de bovinos com lesões de casco

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