Como e por que avaliar o escore de fezes de vacas leiteiras

Postado em: 03/05/2022 | 3 min de leitura Escrito por:
A composição do leite é reflexo da produção e nutrição da vaca. A síntese de gordura e proteína do leite dependem de diversos fatores, dentre eles a disponibilidade de nutrientes provenientes da dieta e o metabolismo do animal. Porém, mesmo trabalhando com um nutricionista e fazendo formulações de dietas bem precisas, às vezes o resultado não é o esperado.
 
Isso porque, a formulação de dietas para vacas leiteiras não termina no software, devido justamente à grande complexidade presente no balanceamento de fibras, de carboidratos não fibrosos, acidificação ruminal, entre outras. Existem outros fatores que não estão dentro dessa modelagem feita em programas que dependem do nutricionista e de uma avaliação in loco para fazer as adaptações necessárias na dieta.
 
Assim, a mesma dieta, com o mesmo nível de produção de leite e teor de sólidos de um rebanho, entre fazendas pode haver variações com maiores incidências de acidose subclínica e outros distúrbios metabólicos digestivos em alguns rebanhos do que em outros, simplesmente porque alguns fatores não foram modelados ou considerados ou porque os animais não comeram o que foi planejado.
 
Dessa forma, além de trabalhar no computador e fazer a melhor formulação possível, é necessário monitorar a dieta e adaptá-la sempre que necessário. Essa é uma prática baseada em experiência que vai sendo adquirida de rebanho em rebanho.
 
Uma forma muito simples e bastante utilizada como um primeiro indicador para averiguar se está sendo fornecido o mínimo de fibra e o tamanho adequado e mantendo o nível máximo de inclusão de amido baseado naquela fonte que está sendo utilizada na fazenda é o escore de fezes.
 
O escore de fezes varia em classificações de 1 a 5, onde 5 são fezes líquidas (diarreia), com os demais escores sendo as formas intermediárias:

Hulsen (2018)
 
O escore 3 é o aceitável para rebanhos em lactação. Isso porque, nessa fase, não haverá um escore de fezes muito consistentes e, por se estar trabalhando com menos energia e menos amido na dieta.
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Como avaliar o escore de fezes?
 
1) Avaliação geral
 
Fazer uma avaliação geral no lote como está o escore de fezes.
 
2) Avaliar a variação
 
Aqui, avalia-se como está a variação entre indivíduos do mesmo lote. Nesse passo, deve-se tentar entender os processos de seleção, competição e distribuição no espaço de cocho que possa estar levando a diferenças no escore de fezes entre animais do mesmo lote.
 
3) Avaliar a característica das fezes
 
Isso é feito através da lavagem de fezes em peneiras.



Nesse caso, avalia-se algumas características. A primeira delas é a presença de mucina. Sua presença indica descamação do epitélio intestinal relacionada à acidificação, não somente do rúmen. Pode-se observar o aumento da mucina quando há uma redução da digestão do amido no rúmen por, por exemplo, tamanho de moagem muito grosseiro, com esse amido sendo passado em grande quantidade ao intestino grosso, formando uma fermentação intensa no intestino, resultando na descamação de mucina que, muitas vezes, está relacionada à maior presença de amido nas fezes.

Na lavagem de fezes, é importante observar alguns fatores, como presença de fibras, quais são suas características (partículas maiores, fibras intactas), pois isso pode ser consequência da acidificação ruminal e do aumento da taxa de passagem.
 
Na foto abaixo, nota-se a presença de caroços inteiros de algodão, indica que há acidificação exacerbada no rúmen , de forma que será necessário reajustar a dieta ou acertar algum fator de manejo que possa estar impedindo que a dieta funcione corretamente.



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