Não deixe seu leite ir por água abaixo

Postado em: 16/05/2019 | 3 min de leitura Escrito por:
Por João Luiz dos Santos.

Artigo publicado anteriormente no site MilkPoint. 


A qualidade da água pode ter grande impacto no desempenho do gado. Uma pesquisa realizada em Alberta, Canadá, em 1995, já demonstrava (Willms et al., 2002) um aumento de 23% nos ganhos de peso durante 71 dias para animais que ingeriram água de boa qualidade versus aqueles que bebem uma água de baixa qualidade.

O alto teor de sal, por exemplo, pode comprometer o desempenho e a saúde do gado de três maneiras:

1) redução do consumo de água e ração;
2) níveis tóxicos de ingestão de enxofre; e
3) induzir deficiências de traços minerais.

Bovinos podem voluntariamente consumir menos água de baixa qualidade, o que resulta na redução do consumo de matéria seca (NRC, 1996). O consumo reduzido de matéria seca e, portanto, a ingestão de nutrientes, tem impactos diretos e óbvios na produtividade do gado. O grau em que a água de má qualidade afeta o consumo de água e a produtividade pode depender das necessidades de água.

Fatores que afetam as necessidades de água incluem tamanho, ingestão de matéria seca, esforço físico, lactação e temperatura. Os efeitos da temperatura são especialmente importantes, já que as necessidades de água podem dobrar à medida que as temperaturas aumentam de 40 a 90 graus °F (NRC, 1996). Como a água é necessária para regular a temperatura corporal, o consumo reduzido de água pode ter impactos substanciais quando as temperaturas são elevadas.

Em um estudo, Willms (2002) observou que o gado tende a evitar a água contaminada com 0,05 mg/L de estrume preferindo consumir água sem estrume quando for dada essa opção. Contudo, quando uma única opção oferecida é uma água contaminada, o consumo é reduzido quando em concentrações superiores a 2,5 mg/L. Sendo assim, o consumo de ração é afetado quando em concentrações superiores a 5 mg/L de estrume na água.

A maior parte das doenças que podem afetar o desempenho gado são transmitidas pela água contaminada e podem variar desde infecções por Giardia, Cryptosporidium, Trichostrongylus, Nematodirus spp. ou os coliformes como Escherichia coli e outras bactérias como a Salmonela e Clostridium. Há ainda o risco de contaminação pelas chamadas algas azuis ou as cianobactérias, que produzem cianotoxinas e podem levar um rebanho inteiro a morte.

As cianotoxinas na água são hidrossolúveis e passam pelo sistema de tratamento convencional, sendo inclusive resistentes à fervura. Assim, o monitoramento das cianobactérias tóxicas e cianotoxinas nos mananciais de água para abastecimento público é imprescindível para identificar os locais com risco potencial.

Idealmente, uma análise da água deveria ser feita no mínimo a cada quatro meses para acumular informações sazonais do aquífero usado. Os valores para realização dos testes comerciais variam dependendo das análises realizadas, mas o mínimo recomendado (Tabela 1 - Análise de água em produção leiteira. Parâmetros físico-químicos - Parte 2) terá um custo médio de R$ 300,00 por ponto analisado.

Um exame mais minucioso incluiria aqueles parâmetros descritos no COMANA 357 – Classe 3 para águas superficiais, ou o CONAMA 396 – Anexo I – Dessedentação de animais quando se trata de águas subterrâneas. Estes incluem uma investigação mais detalhada de contaminação por metais pesados, orgânicos como pesticidas e as cianobactérias.

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O artigo é do  mestre em engenharia agrícola João luís dos Santos, instrutor na plataforma de cursos on-line, EducaPoint.Confira o curso: Gestão da qualidade e quantidade de água naprodução leiteira!

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