Mitos e verdades sobre o free stall

Postado em: 19/08/2019 | 6 min de leitura Escrito por:
O free stall é um dos sistemas de confinamento de gado leiteiro mais utilizados no mundo todo. No entanto, existem muitos mitos envolvendo esse sistema. Confira abaixo alguns mitos e verdades sobre o sistema free stall:

Mito : O free stall é a solução para todas as fazendas leiteiras

O sistema free stall exige um investimento relativamente alto, tanto na sua instalação quanto na sua manutenção. Dessa forma, o sistema se torna uma alternativa viável quando se trabalha com vacas de alta produção. Vacas de baixa produção não serão capazes de “pagar” pelo sistema, de forma que essa alternativa deve ser considerada nos casos de fazendas com seleção para alta produção.

Verdade: O free stall aumenta o conforto das vacas

O aumento do conforto das vacas é uma das grandes vantagens do sistema free stall, o que é fornecido através de toda a estrutura do sistema, além do sistema de ventilação e controle da temperatura ambiente.

Porém, a construção de um free stall não pode ser encarada como a única solução para problemas de conforto em rebanhos confinados. Muito pelo contrário, o seu mal dimensionamento, acabamento e manejo podem gerar problemas não somente no que diz respeito ao conforto animal, como também pode acarretar maiores problemas de ordem sanitária, como doenças e indesejados problemas de casco.

O mal funcionamento de um free stall pode ter consequências catastróficas para o bolso do proprietário. Um projeto deste tipo de instalação estabelece um custo por animal que pode ou não ser pago através da garantia de conforto e sanidade, maximizando o consumo de matéria seca, aumentando o volume de leite produzido.

Verdade: O free stall é um importante aliado na redução do estresse térmico

Mais uma das grandes vantagens do free stall é permitir um alívio do estresse térmico.Isso porque esse sistema fornece algumas ferramentas que são fortes aliadas no controle do estresse térmico, que são:

- Sombra: A sombra reduz o estresse térmico ao diminuir a exposição à radiação solar. Idealmente, os galpões devem ser orientados de leste a oeste para fornecer sombra máxima sob o telhado. Os telhados devem ser de metal ou alumínio galvanizado de cor branca para proporcionar a reflexão máxima da radiação solar.

- Ventilação: A ventilação adequada é fundamental para maximizar a perda de calor por convecção das vacas. Um bom sistema de ventilação deve fornecer uma troca de ar completa por minuto. Isso geralmente é realizado usando ventiladores.

- Consumo de água: Em climas mais quentes o consumo de água é aumentado, portanto é necessário que seja fornecido a bebida fresca. O sistema free stall permite esse fornecimento já que os bebedouros não ficam expostos ao sol.

- Resfriamento suplementar: O ruso de aspersores é outra estratégia, especialmente eficaz para vacas de alta produção. Eles podem baixar a temperatura do ar diretamente por meio de neblina e nebulização, ou fornecer “suor artificial” ao encharcar a pele da vaca.


Mito: Basta colocar ventiladores que se resolve o estresse térmico no free stall


Muitos produtores acreditam que a simples instalação de ventiladores pode vir a solucionar problemas envolvendo estresse térmico. Em primeiro lugar é necessário que o produtor, antes de tudo, realize um "check-up" da sua instalação. Para obter sucesso com um projeto de climatização, é necessário observar alguns detalhes como:

* Nutrição: a dieta além de apresentar um correto balanceamento deve ter a sua densidade alterada em períodos críticos, ou seja, devemos evitar que grande parte da MS ingerida seja proveniente do volumoso, diminuindo o tempo de permanência do alimento no rúmen, minimizando o stress.

* Cobertura e Pé Direito: a cobertura do cocho ou barracão em que se encontram os animais bem como a altura do pé-direito do mesmo é extremamente importante. Recomenda-se evitar coberturas como cimento-amianto, sendo preferida a utilização de alumínio ou telha de barro. O pé-direito lateral deve ter no mínimo entre três a quatro metros e o central deve estar entre cinco a sete metros, garantindo assim boa circulação de ar

* Posição do eixo principal do barracão: o eixo principal do barracão deve estar posicionado no sentido leste-oeste, garantindo deste modo proteção aos raios solares.

Realizada a averiguação proposta e estando de acordo com os itens acima, demos o primeiro passo para o início de um projeto de climatização. O segundo passo consiste em descobrir o sentido do vento dominante. Alguns produtores e técnicos encontram dificuldades em encontrá-lo. A melhor dica é a observação do comportamento dos animais. Comumente os mesmos agrupam-se nas horas mais quentes do dia, quase sempre, "de encontro" ao vento dominante. Tal detalhe é importante para evitar a instalação de ventiladores no sentido contrário a ele.

É importante esclarecer que a climatização pode ocorrer, basicamente, de duas maneiras: refrigerando o animal ou o meio. Esta última opção aplica-se em regiões quentes e secas (sistema: "Evaporative Cooling"), de difícil aplicação prática em regiões com alta umidade relativa do ar. A refrigeração do animal não consiste apenas no deslocamento e renovação do ar (ventilação). Dessa forma, o uso de ventiladores, apenas, pode ser pouco eficiente. É necessário o uso da aspersão, molhando o animal, em ciclos alternados. Desta forma as gotículas que atingem o costado da vaca absorvem o calor da mesma, evaporando com a ventilação, "roubando" o calor. O fluxo de ar gerado por ventiladores deve ser de 14 a 28 m3/minuto/vaca ou 14150 a 28300 L/minuto/vaca (equivalente a um vento de 9 a 18 km/h), com preferência para o último valor, no período do verão.

O uso apenas de ventiladores sem critérios (posicionamento a favor do vento dominante) por si só não resolve problemas de desconforto animal, podendo amenizá-lo, mas nem sempre de forma significativa.

Mito: O uso de areia nas camas no free stall é caro demais e pode inviabilizar o sistema

A cama de areia é a preferida pelas vacas, devido ao grande conforto que proporciona aos animais. Até pouco tempo atrás a cama de areia era vista como mais cara de ser adquirida, além de causar certa contaminação ambiental. No entanto, os projetos mais recentes têm mostrado que isso não é verdade.

Isso porque é bastante simples re-aproveitar a areia com investimentos relativamente baixos, fazendo a reutilização da areia.

Mito: A limpeza do free stall gasta muita água

Há pouco tempo, muitas ressalvas com relação ao sistema de lavagem eram feitas, já que a água é um bem escasso e, por muito tempo, pensou-se que seu consumo excessivo poderia causar algum transtorno.

No entanto, a proposta atual é utilizar a água de reciclagem. Por isso mesmo, é muito importante que haja a integração entre o manejo de dejetos e o sistema de limpeza. Dessa forma, a mesma água pode ser reutilizada.

Dessa forma, os resultados são excelentes, sem a necessidade de inclusão de mais água no sistema.

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Fontes consultadas:

É possível fazer limpeza no free stall sem gastar muita água? (https://www.milkpoint.com.br/colunas/educapoint/e-possivel-fazer-limpeza-no-free-stall-sem-gastar-muita-agua-212251/)

Material orgânico ou inorgânico: qual utilizar na cama do free stall? (https://www.milkpoint.com.br/colunas/educapoint/material-organico-ou-inorganico-qual-utilizar-na-cama-do-free-stall-212648/)

Manejando o conforto de vacas em free-stall - parte 1 (https://www.milkpoint.com.br/colunas/cowtech/manejando-o-conforto-de-vacas-em-freestall-parte-1-16772n.aspx)

Manejando o conforto de vacas em free-stall - parte 3 (https://www.milkpoint.com.br/colunas/cowtech/manejando-o-conforto-de-vacas-em-freestall-parte-3-16776n.aspx)

Seven practical heat stress abatement strategies (https://www.canr.msu.edu/news/seven_practical_heat_stress_abatement_strategies)

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