Vacas em transição: Variabilidade na ruminação ajuda a prever doenças no pós-parto

Postado em: 04/06/2018 | 3 min de leitura Escrito por:
O período de transição é um período fundamental para o sucesso de uma vaca leiteira, não só do ponto de vista produtivo, como também, do ponto de vista reprodutivo. Durante este período, a vaca passa por inúmeros desafios nutricionais e metabólicos, que podem resultar em comprometimento da imunidade, ocasionando diversas doenças e distúrbios.

O impacto econômico de um manejo inadequado no periparto, pode custar caro às fazendas leiteiras. Consequências como: descarte de leite, utilização de medicamentos e antibióticos, descarte de animais, mortalidade, redução na produção de leite e diminuição da eficiência reprodutiva; podem prejudicar de forma significativa a rentabilidade do sistema como um todo.

Sabe-se que não existe apenas um fator responsável pelo sucesso ou insucesso nesta fase, uma associação de fatores, são responsáveis por todas estas mudanças e devem ser monitorados de perto e controlados.

Uma coisa que tem se tornado comum nos Estados Unidos é a utilização de monitores de ruminação e atividade em vacas no período de transição. Esse monitoramento é feito com o uso de um colar, que, através de um microfone, permite que se anote um minutos a cada duas horas que a vaca passa mastigando e regurgitando. Da mesma forma, se calcula a atividade dos animais a cada duas horas. Pesquisas mostram a alta acurácia desse sistema com relação à observação visual.

Dentro de um período de duas horas, a ruminação está inversamente relacionada à ingestão de matéria seca. Apesar disso, a variabilidade de ingestão de matéria seca está associada com a variabilidade de ruminação, de maneira geral.

Pesquisadores da Universidade da Flórida fizeram experimentos para avaliar como utilizar melhor esses dados de ruminação para prever vacas que apresentarão doenças no pós-parto.

Utilizando os dados dessa pesquisa, os pesquisadores desenvolveram um modelo estatístico que utilizou as seguintes informações: sexo do bezerro, problemas de parto, escore de condição corporal (ECC) pré-parto, mudança de ECC, claudicação, haptoglobina pré-parto, ácidos graxos livres, ou não esterificados (AGNA) pré-parto e tempo de descanso, todas relacionadas ao aumento do risco de doenças uterinas.

Também foi incluído nesse modelo a ruminação no pré-parto, principalmente a média (minutos por dia) e a variabilidade, ou seja, o quanto a ruminação variou nos sete últimos dias antes do parto em relação aos sete dias anteriores (14 a 7 dias antes do parto). A suposição era de que, conforme a vaca se aproxima do parto, aumenta a variação na ruminação, alterando a ingestão de matéria-seca, e a predispondo a doenças.

A pesquisa descobriu que os fatores que predizem doença uterina são:

- Problemas de parto;
- Claudicação;
- AGNE;
- Variabilidade na ruminação.

Assim, quanto maior a variabilidade na ruminação no pré-parto, maior o risco de doenças uterinas após o parto.

Outro fator investigado pelos pesquisadores foram os dados de ruminação do grupo, ao invés dos dados individuais. Assim, eles agruparam vacas de acordo com a data do parto e avaliaram a variabilidade de ruminação desses animais nos últimos 17 dias antes do parto, determinando, então, a prevalência de doença nos grupos.

O gráfico abaixo mostra que o aumento da variabilidade de ruminação dentro do grupo aumentou a probabilidade de cetose e hipocalcemia subclínica:



O mesmo ocorreu com a probabilidade de natimortos. Já a produção de leite nos primeiros 90 dias foi menor quanto maior a variabilidade de ruminação do grupo:



Por esses motivos, é recomendado que se faça a mensuração do consumo de matéria seca no curral de pré-parto, pois a variabilidade nesse consumo está correlacionada com o aumento de doenças e, conforme mostram esses dados, a variabilidade da ruminação também está relacionada com problemas metabólicos.

É importante ressaltar que todos esses dados são dependentes de fatores animais e ambientais, de forma que não é possível extrapolar dados de minutos de ruminação de uma fazenda para outra. Apesar disso, esse tipo de monitoramento possibilitará uma atuação mais rápida e eficaz, prevenindo doenças no pós-parto.

Confira abaixo o professor da Universidade da Flórida, Ricardo Chebel, explicando sobre isso:

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