Como identificar os agentes causadores de diarreia em bezerras?

Postado em: 12/11/2018 | 4 min de leitura Escrito por:
As diarreias acontecem em praticamente todos os rebanhos, acometendo desde fazendas pequenas até as grandes fazendas, com mais tecnologia. Há um elevado índice de diarreia nas fazendas, inclusive naquelas com melhor manejo sanitário, girando ao redor de 60 a 80%. Praticamente todas as bezerras, durante o período neonatal, vão desenvolver um quadro de diarreia.

Após a identificação das bezerras com diarreia, que são as que têm escore fecal 2 ou 3 (saiba mais: Como gerenciar as diarreias em bezerras recém-nascidas?), deve-se colher as amostras para identificar o agente etiológico.

A identificação do agente causador da diarreia em um bezerreiro específico é essencial para que se promova um plano de controle dessa doença.

A única forma de se identificar com precisão qual o agente causador de diarreia em um bezerreiro é colhendo amostras de fezes dos animais infectados e enviando esse material para análise laboratorial.

Materiais necessários

- 3 copos coletores estéreis, que são vendidos em farmácias convencionais;

- Swab acompanhado de tubo com meio de cultura Stuart para transporte do material fecal;

- Par de luvas estéreis;

- Meio de cultura chamado tetrationato, muito importante no caso de suspeita de Salmonella.

A Salmonella é uma bactéria muito sensível, que morre facilmente.  Se a amostra não for colocada nesse meio de cultura, a Salmonella morre no caminho até o laboratório e o resultado do teste será negativo. Assim, em caso de suspeita de salmonelose, deve-se entrar em contato com o laboratório para pegar o meio de cultura tetrationato antes da coleta das amostras de fezes nas bezerras, para evitar resultados falsos negativos.

Coleta das amostras

O passo a passo da coleta das amostras é bastante simples, mas exige muito cuidado para que se obtenha resultados corretos das análises das amostras.

1o Swab

A primeira parte da coleta é feita com o swab, que deve ser introduzido no reto do animal. O swab deve ser esfregado na parede do reto. Em seguida, o swab é introduzido rapidamente no meio de cultura Stuart, que vem junto.

Depois, deve-se identificar a amostra com o número da bezerra.

Introdução do swab no reto do animal
Figura 1: Introdução do swab no reto do animal

Colocação do swab no meio de cultura Stuart
Figura 2: Colocação do swab no meio de cultura Stuart

2o Swab

Novamente é feita a coleta com o swab, que será, dessa vez, colocado no meio de cultura específico para a pesquisa de Salmonella (tetrationato).

Pode ser necessário cortar um pedaço do swab, pois todo seu componente tem que ficar em contato com o meio de cultura.

Corte da ponta do swab
Figura 3: Corte da ponta do swab

Swab no meio tetrationato
Figura 4: Swab no meio tetrationato

Novamente, identifica-se a amostra para encaminhamento ao laboratório.

Copos coletores

Para a coleta das amostras que serão coletadas dentro dos copos coletores para pesquisa de outros agentes etiológicos, deve-se estimular a região retal da bezerra, para que ele defeque e as fezes sejam coletadas. É importante que a coleta seja feita em três copos coletores, podendo ser feita apenas uma vez e distribuído aos outros dois, ou coletado mais vezes.

Estímulo à região retal do animal
Figura 5: Estímulo à região retal do animal

Fezes coletadas no copo coletor
Figura 6: Fezes coletadas no copo coletor

É muito importante que seja realizada toda essa colheita de material.

Todo material coletado
Figura 7: Todo material coletado

Encaminhamentos


O swab com meio de cultura Stuart deve ser encaminhado para pesquisa de Escherichia coli enterotoxigênicas ou shiga-like. Essa amostra se mantém viável por meses, desde que seja guardada sob refrigeração.

O swab no meio de cultura tetrationato será encaminhado para pesquisa de Salmonella. Devido à maior sensibilidade da Salmonella, essa amostra precisa ser enviada e processada de forma imediata após a colheita.

A suspeita de Salmonella surge quando as bezerras ao redor de 20 a 30 dias apresentarem desinteria, que é um pouco diferente de diarreia, pois, nesse caso, as bezerras apresentam fezes com muito muco, sangue e, às vezes, muito fétida. Isso porque a Salmonella lesiona o intestino da bezerra de uma maneira muito profunda, levando a lesões de vasos intestinais, havendo perda de células junto com as fezes. Os animais infectados com Salmonella também comumente têm febre, ficam apáticos, deitados.

O primeiro copo coletor será utilizado para identificação de Cryptosporidium. Essa amostra pode ser conservada sob refrigeração por até 7 dias, sendo inviabilizadas após esse período.

O segundo copo é utilizado para identificação de agentes virais (rotavírus e coronavírus). Essa amostra precisa ser congelada até o envio ao laboratório.

O terceiro copo é encaminhado para identificação de eimeriose e helmintos, responsáveis pelas verminoses nos bezerros. Essa amostra deve ser refrigerada e deve ser processada no laboratório em até dois dias após a colheita.

Plano de melhorias

Com essa triagem dos agentes etiológicos, é possível traçar um plano de melhorias e controle de diarreia neonatal focado no agente etiológico responsável pela diarreia naquele bezerreiro específico. Somente assim é possível obter algum tipo de sucesso no controle da diarreia neonatal, que tem sido um grande desafio.

O principal problema vinculado às elevadas ocorrências de diarreia, mesmo em rebanhos com maior tecnologia, está relacionado ao desconhecimento do agente etiológico causador desses processos.

Saiba mais: Como gerenciar as diarreias em bezerras recém-nascidas?

Se você quiser ver a coleta do material feita em vídeo, acesse o conteúdo completo do curso on-line Práticas essenciais no manejo sanitário de bezerras leiteiras no período neonatal, do EducaPoint, com a Profª Drª Viviani Gomes, da FMVZ/USP. 

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