Quartos com maior abertura de tetos são mais susceptíveis a novas infecções intramamárias

Postado em: 17/08/2017 | 3 min de leitura Escrito por:
Por Eduardo Pinheiro, e demais consultores do Grupo Apoiar


Muitas vezes somos questionados sobre qual é o impacto do sistema de ordenha sobre a incidência de mastite em rebanhos leiteiros. Esta pergunta é um tanto complexa para se ter uma única resposta, pois além da mastite ser uma doença que apresenta diversos fatores de risco, os sistemas de ordenha, o ambiente e as características das vacas interagem e podem resultar em diferentes respostas para cada rebanho.

Estudos americanos relataram que vacas ordenhadas com sistema de ordenha “regulado” apresentam baixa ocorrência de novas infecções intramamárias (NIMI) causadas pelo sistema de ordenha. Um estudo estimou que menos de 20% das infecções intramamárias são devidas ao sistema de ordenha. Porém, outros resultados de pesquisa mostraram que este número pode ser muito maior em sistemas “não regulados”, especialmente quando são considerados efeitos a longo prazo, como o aumento do escore de abertura dos tetos, associado também com a ocorrência de hiperqueratose.

Basicamente, pode-se considerar que o sistema de ordenha afeta a incidência de mastite em rebanhos leiteiros pelos seguintes meios:

1. Mudanças no número de patógenos na pele ou no orifício do teto.

2. Mudanças na resistência do canal do teto em evitar a invasão de patógenos causadores de mastite.

3. Proporcionar forças para quebrar a resistência de entrada de bactérias no canal do teto.

4. Disseminação de patógenos para o interior do úbere.

5. Frequência e/ou grau de esvaziamento do úbere.

O grau de infecção próximo ao orifício do teto (item 1) é pouco influenciado pelo sistema de ordenha quando comparado aos manejos pré-ordenha. Porém, o sistema de ordenha pode ter forte influência na remoção de queratina do teto e aumento da abertura do orifício do teto (item 2), bem como proporcionar condições para o influxo de leite para dentro da glândula mamária (itens 3 e 4), sendo estes considerados os principais efeitos do sistema de ordenha sobre a incidência de mastite.

O aumento do vácuo na ponta do teto aumenta o risco de lesões na pele do teto, proporciona fechamento mais lento do canal, maior remoção de queratina e, consequentemente, aumenta o grau de hiperqueratose dos tetos, resultando em maior risco de infecções intramamárias. Para avaliar esta hipótese, um estudo foi conduzido por membros do Grupo Apoiar, Laboratório Qualileite FMVZ-USP, e a empresa DeLaval.

Neste estudo, um total de 4.953 avaliações de escore de condicionamento de tetos foram realizadas, sendo que este escore variou de 1 a 5, sendo 1 considerado abertura “normal” do teto, e 5 extremamente aberto. Do total de quartos avaliados, 330 apresentaram NIMI (6,7%). Foi observado que quartos mamários com escore 5 de abertura de tetos após a ordenha (escore máximo de abertura de tetos) teve 12,5% de NIMI, enquanto que quartos sem abertura de tetos (escore 1) tiveram apenas 1% (Figura 1).

O risco de incidência de NIMI aumentou de acordo com o aumento do grau de abertura de tetos, o que prova que fatores como regular o vácuo adequadamente ao sistema de ordenha de cada fazenda, e evitar sobreordenha, podem minimizar os efeitos negativos do sistema de ordenha sobre os tetos e risco de novas infecções intramamárias.


 
Figura 1. Representação dos escores de abertura de tetos.
 
 

Figura 2.
Proporção de quartos (±EPM) com novas infecções intramamárias (NIMI) por escore de abertura de tetos avaliados logo após a ordenha, antes da realização do pós-dipping.

Este assunto é discutido em uma das videoaulas do curso “Influência do ambiente na ocorrência de mastite”, ministrado pelo Médico Veterinário Eduardo Pinheiro, consultor em qualidade do leite e controle de mastite. Confira o conteúdo completo!

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Referências:
Gentilini, M., M. L. Benavides, E. S. C. Pinheiro, C. M. M. R. Martins, and M. V. Santos. 2016. Quarters with high teat end condition scores are more likely to have new intramammary infections. Pages 124–125 in NMC 55th Annual Meeting Proceedings, Glendale, AZ.

Mein, G. A. 2012. The role of the milking machine in mastitis control. Vet Clin North Am Food Anim Pract. Jul;28(2):307-20. doi: 10.1016/j.cvfa.2012.03.004.
Ortega, R. 2013. Resultados da Investigação Mais Recente em Qualidade do Leite - Curso Internacional de Mastites. Palestra. Pirassununga, SP.


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