Curvas de lactação de vacas leiteiras: entenda as mudanças

Postado em: 17/05/2023 | 4 min de leitura Escrito por: Luma Maria Souza Machado
Como entender a curva de lactação de vaca leiteira considerando os principais aspectos nutricionais e fisiológicos? Veja neste blog!

Na pecuária, a produção de leite geralmente representa a entrada de dinheiro mais efetiva no caixa da fazenda. Dessa forma, precisamos entender como a curva de lactação pode ajudar a melhorar os índices produtivos do rebanho de maneira prática e consistente.

A curva de lactação nada mais é que um gráfico que estima a produção de leite após o parto até a secagem. Considera-se um bom desempenho zootécnico aquela vaca que tem o intervalo de parto de 12 meses e fornece 1 bezerro ao ano, com período de lactação de 10 meses, ou seja ela pare por exemplo em janeiro, produz leite até outubro, é seca pois está completando 7 meses de gestação e em janeiro pare novamente, tendo assim 2 meses de recuperação do úbere e maior crescimento do feto.

Veja abaixo o funcionamento da curva de lactação:

Início da curva de lactação

Tratado como o período mais desafiador e complicado, o início da lactação é quando há o aumento da produção de leite, em geral vacas atingem o pico de lactação aos 60 dias de pós-parto. Como se vê no gráfico a produção aumenta, enquanto a ingestão de matéria seca demora um pouco para acompanhar, criando assim um momento de déficit energético. Para compensar o maior consumo de energia, a vaca mobiliza sua reserva corporal, o que provoca emagrecimento e redução do escore de condição corporal (ECC).

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A fim de prevenir a ocorrência de cetose (que é o uso exagerado de reservas e que pode prejudicar toda a lactação), é importante evitar que as vacas variem a condição corporal após a secagem e no pós-parto. Quanto menos elas ganharem ou perderem condição nesse período melhor.

Uma das técnicas de manejo nutricional mais utilizadas para isso, é o fornecimento de uma dieta rica em concentrado e com alto teor de PB e energia (NDT), que possui também menor concentração de volumoso e logo, uma menor quantidade de FDN, isto é, adensando a dieta ou dando mais energia com menor volume você garante a ingestão de calorias, lembrando que o rúmen está diminuído porque concorre com o útero por espaço.

Outro fato observado no período de transição (3 semanas antes e 3 semanas depois do pós-parto) é a diminuição da ingestão de matéria seca (MS), muito em função da ação hormonal e por questões físicas mesmo, já que o espaço ruminal está muito limitado. Ao final da gestação, o próprio feto comprime o rúmen impedindo também um consumo maior de MS.

Meio da curva de lactação

Para que a vaca tenha um intervalo de parto de 12 meses, ela precisa estar com prenhez confirmada por volta dos 3 meses pós-parto e para que isso ocorra, o manejo nutricional precisa ser muito bem feito.

Após o pico de lactação - meio do período, observamos um outro cenário. É natural que a vaca comece a diminuir a produção e passe a ingerir uma quantidade de nutrientes suficientes para a sua necessidade nutricional. Com isso, há uma melhora no ECC e ela começa a ganhar peso. É como se metabolicamente a vaca concluísse que seu bezerro já está próximo da desmama e portanto não é necessário continuar a produção de leite. Trata-se de uma tentativa da natureza em economizar nutrientes e esforço para busca de alimento.

O ideal é fornecer uma dieta com menos proteína bruta e energia (NDT), que na prática significa aumentar o fornecimento volumoso e diminuir a quantidade de concentrado, ou seja trabalhar com uma dieta um pouco menos densa, até porque nesse momento o rúmen já está do tamanho normal e mesmo um útero gravídico ocupa pouquíssimo espaço na cavidade abdominal.

Final da curva de lactação

Ao entrar nessa fase, observa-se que a vaca recupera significativamente o ECC, sua condição de ingestão de MS é normalizada e a produção de leite continua diminuindo e ela se prepara para entrar no período seco. Um cuidado nutricional a ser tomado, é não fornecer energia em excesso para que a vaca não engorde além do necessário e não acarrete em futuros problemas para os próximos partos. Assim, nesse período o ideal é fornecer uma dieta ainda mais rica em volumoso.

Lembre-se que nesse momento de baixa produção os nutrientes não estão indo necessariamente para o leite e sim para reservas corporais e para o feto que ainda não está tão grande que justifique um montante tão grande de alimento ingerido.

Portanto se a vaca ganha tanta reserva corporal isso gera um ciclo vicioso que dificilmente será revertido, pois uma série de problemas ocorrerá como:
  • Menor sensibilidade à insulina e isso causar menor conversão alimentar no pós-parto.
  • A tendência de uma vaca gorda ter problemas ao parto é muito maior (distocia, cetose que podem se trazer metrite, mastite, etc.)
  • Vacas com problemas ao parto em geral têm maior dificuldade em ciclar novamente, portanto é uma vaca que vai ter uma lactação mais estendida e portanto ganhar peso novamente no final da lactação. E tudo se repete ano após ano.
Em conclusão, é importante olhar o gráfico da curva de lactação e entender que quanto mais esticarmos para a direita (prolongar a lactação) mais essa curva se achata e menos rentável ela se torna para o produtor pois quanto mais a produção de afasta do pico, mais alimento se consome para produzir a mesma quantidade de leite. Ou seja, mais cara a dieta se torna em relação ao litro de leite produzido. Atenção, DEL médio da fazenda alto é um indício de perda econômica e de que estão passando problemas técnicos despercebidos.

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